O velório de Lúcia Xavier Sarmento Neves, de 63 anos, e sua neta Júlia Neves Aché, de 6 anos, mortas quando o taxi que ocupavam foi soterrado por um desmoronamento de terra na noite de segunda-feira (8), foi marcado por muita emoção. Elas foram sepultadas no cemitério São João Batista, em Botafogo.
Parentes e amigos acompanharam o cortejo em silêncio, só interrompidos por palmas, O pai de Julia, muito emocionado, agradeceu aos presentes ao fim do velório e exaltou a luta deles para encontrar o veículo em meio à terra.
Cerca de 50 motoristas de taxi estiveram no sepultamento das vítimas. Eles estarão também amanhã no enterro do colega Marcelo Tavares, que dirigia o taxi que foi soterrado.
A chuva que atingiu a cidade do Rio de Janeiro na madrugada desta segunda-feira (8) e deixou 10 mortos foi a mais forte registrada nos últimos 22 anos. Centenas de pessoas desabrigadas.
No Morro da Babilônia, no Leme, três pessoas foram soterradas. Doralice do Nascimento, de 55 anos, morreu nos braços do próprio filho. Quando houve o deslizamento de terra em um dos três imóveis da família, ela e Gilson Cezar Cerqueira, 42, que também vivia no local, saíram rapidamente de casa para socorrer Gerlaine do Nascimento, de 53 anos, irmã de Doralice. Os três acabaram sendo soterrados. Maicon, filho de Doralice, conseguiu retirar a mãe dos escombros. Mas a mulher morreu a caminho do Pronto Socorro.
As demais vítimas fatais das tragédias espalhadas pela cidade são, Leandro Ramos Pereira, de 40 anos, morto eletrocutado em Santa Cruz, ao tentar limpar o ralo enquanto salvava os móveis de casa; Guilherme N. Fontes, de 30 anos, encontrado pelo Corpo de Bombeiros na Gávea; Reginaldo Exidro da Silva, corpo encontrado por moradores em Santa Cruz, na comunidade do Antares e um homem ainda não identificado, encontrado no Jardim Maravilha.
MAIS CHUVA
Ainda com previsão de chuva para os próximos dias, o Rio continua em estado de crise, que foi decretada na cidade por volta das 20h55 da segunda-feira. Durante a madrugada, foram registrados diversos pontos de enchentes e destruição por toda a cidade e de regiões próximas.
A filha de uma das mulheres soterradas no Morro da Babilônia, no Leme, na Zona Sul do Rio, disse que a tragédia poderia ter sido evitada. Ingrid Araújo pede justiça para as famílias que moram em área de risco e que, segundo ela, são tratadas com descaso.
“O que mais me deixa revoltada é de ter acontecido isso, sendo que poderia ter sido evitado”, disse a jovem.
Moradores do Morro da Babilônia disseram que as sirenes da Defesa Civil não tocaram na região. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, confirmo, dizendo que vai rever o índice mínimo para o disparo de alertas.
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