O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, declarou na noite da segunda-feira (8) que não faria “juízo de valor” nem iria criticar a ação brutal em Guadalupe, que resultou no assassinato do músico e segurança, Evaldo Rosa dos Santos, quando seu carro foi atingido por 80 tiros disparados por um grupo de militares do Exército.
Evaldo estava com a família no carro e ia participar de um chá de bebê.
Ao ser perguntado sobre sua opinião em relação ao que aconteceu, Witzel se limitou a dizer com desdém:
“Não sou juiz da causa. Não estava no local. Não era a Polícia Militar. Quem tem que avaliar todos esses fatos é a administração militar. Não me cabe fazer juízo de valor e nem muito menos tecer qualquer crítica a respeito dos fatos. É preciso que a auditoria militar e a Justiça Militar e o Exército faça as devidas investigações. E eu confio nas instituições”, disse ele após participar da posse do novo presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Reis Friede.
A declaração de Witzel aconteceu mesmo após o comando do Exército recuar e prender 10 militares que participaram da barbaridade que chocou a população não só do Rio de Janeiro, como em todo o país.
Segundo o Comando Militar do Leste (CML), eles foram presos em flagrante e foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos pela “inconsistência dos fatos reportados”. No domingo, logo após a execução do músico, o CML justificou a ação dos militares dizendo que eles tinham respondido a um ataque de criminosos.
Mas Witzel quase que endossa a execução ao se recusar fazer qualquer crítica. Em vez disso, apesar de dizer que lamenta a morte do músico, fez um discurso falando da intervenção militar e da “importância que tem as forças armadas nosso país”.
“Não me cabe interferir, me posicionar e nem fazer juízo de valor”, repetiu Witzel.
No carro com Evaldo estavam sua mulher, o filho de 7 anos, além de uma afilhada do casal, de 13, e o sogro dele, Sérgio Gonçalves de Araújo, de 59 anos.
Evaldo morreu na hora. Sérgio foi baleado nos glúteos, e está internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio.
Luciano Macedo, que tentou ajudar Evaldo e a família, também foi metralhado pelos militares e está internado em estado grave no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, segundo informação da Secretaria Estadual de Saúde.
A viúva de Evaldo, Luciana Nogueira, relatou que mesmo depois de seu marido ter sido atingido os militares seguiram disparando. “Eles ficaram de deboche. Por que o quartel fez isso? Eu falei para ele: ‘calma, amor, é o quartel’. Ele só tinha levado um tiro. Vizinhos começaram a socorrer. Mas eles continuaram atirando e vieram com arma em punho. Fui botando a mão na cabeça e gritando: ‘moço socorre meu marido’. Eu perdi meu melhor amigo”, disse.
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