Os pais do jovem João Pedro, assassinado na segunda-feira no Complexo do Salgueiro, se emocionaram a dar uma entrevista para Patrícia Poeta, no programa “Encontro”.
“Eu não pude dar um abraço nele. Eu tinha tanta esperança de encontrar ele com vida” afirmou Rafaela Matos, mãe do adolescente, chorando.
Um tiro de fuzil acertou a barriga do garoto. A polícia levou seu corpo e não contou a localização dele para a família. João Pedro foi encontrado 17 horas depois no Instituto Médico Legal (IML). Os pais acusam a polícia pela morte e negam a versão de que houve troca de tiros.
A mãe também disse que não acredita que a polícia tenta tentado salvar seu filho. “Se eles [os policiais] socorreram o meu filho, porque não levaram para o hospital mais próximo?”, questionou a mãe indignada.
Neilton Pinto, pai de João Pedro falou sobre os sonhos que o jovem tinha. “Ele era ótimo na escola, excelente aluno. Falava que queria ser advogado, e tinha capacidade para isso”, contou o pai, destacando que o filho era um bom aluno.
“Estamos péssimos. É um sentimento que não desejo para o meu pior inimigo. Perder um filho é como arrancar algo de dentro. Não tem explicação você perder uma criança que você amou, cuidou, fez planos para o futuro. Em uma coisa de minutos, de horas, esse sonho foi por água abaixo. Tiraram o meu sonho, o sonho do meu filho, da minha família. Acabaram com a minha família, destruíram a minha família cruelmente. Meu estava numa casa junto com seu primo, com outros amigos, jogando no celular”, lamentou o pai.
“Chegamos lá e encontramos os adolescentes fora da casa, no chão,. como bandidos, como porcos, como lixo. Coisa que eles não são. Cinco adolescente, mas faltava um. E esse um era o meu filho”, continuou Neilton.
“Temos preocupação. Sabemos que morar em comunidade não é fácil. Meu filho não estava na rua, numa troca de tiro. Meu filho estava em casa de família. Acho que ninguém tem esse direito de invadir a sua casa e tirar a vida de ninguém. Ninguém tinha, ninguém esse direito”, acrescentou o pai.
“Fica um sentimento de impunidade. Ele pedia para a rua e eu ficava com medo de ter operação. Ele dizia: ‘mãe, você me prende muito’. Nesse dia eu deixei ele ir. Fica um sentimento de muita tristeza. Eu não vi o meu filho, não pude dar um abraço nele. Tinha esperança de encontrar ele com vida”, declarou a mãe.
Rafaela afirmou que a família está traumatizada com o que ocorreu com João Pedro: “Eles estão bem traumatizados. Inclusive o primo do meu filho fica sem reação. Ele se sente culpado. Acha que não teve culpa por não poder socorrer”.
“Queria que o Estado nos procurasse. Estamos abandonados. Mas eu creio na justiça e ela vai ser feita. Creio na justiça aqui da Terra e da divina. Se a daqui da Terra não for [feita], a de Deus vai. Essa é minha esperança”, encerrou Neilton.
Neilton disse ainda que o enterro, que aconteceu ontem à tarde, reuniu uma aglomeração porque João Pedro era um garoto muito querido na comunidade.
André Curvello, que acompanhava Patrícia Poeta na entrevista, também se emocionou ao entrevistar os pais do garoto. “Nada vai apagar a dor de vocês, mas espero que vocês saibam que gente de bem sente com vocês. Nós sentimos também. Fica a nossa solidariedade”, disse em lágrimas.
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