Propina foi em contrato do aeroporto de Brasília
O empresário Marcelo Castanho, proprietário da Alumi, empresa de publicidade, afirmou que pagou R$ 1 milhão para a Argeplan, empresa de João Batista de Lima Filho, assessor e operador de Temer.
Em depoimento à Polícia Federal, no dia 13 de julho, o empresário diz que apagou a propina em negociação para explorar área do aeroporto de Brasília com publicidade, em 2014. O depoimento ao delegado da PF, Cleyber Malta Lopes, integra o inquérito que apura o decreto de Temer que favoreceu, em troca de propina, empresas do setor portuário.
De acordo com Castanho, ele fez parceria com o empresário Rodrigo Castro Neves, porque era próximo de José Antunes Sobrinho, na época presidente da Inframerica – responsável pelo aeroporto. “Quando tudo já estava acertado, em setembro de 2014″, disse Castanho, Rodrigo Neves comunicou que havia uma mudança no pagamento. Disse ainda que R$ 1 milhão deveria ser pago para a Argeplan, de acordo com orientação do próprio presidente da Inframerica.
O dono da Alumi disse que não iria fazer nenhum pagamento sem nota fiscal ou um contrato que justificasse esse dinheiro. Dias depois ele recebeu um email com a orientação do presidente da Inframerica de que deveria resolver esse problema com o “Doutor Lima”.
Segundo Castanho, quando recebeu o contrato, estava em nome de outra empresa, a PDA – Projeto e Direção Arquitetônica e não em nome da Argeplan. A PDA pertence a Lima e à mulher dele, Maria Rita Fratezi.
O empresário disse que nunca se encontrou com Lima pessoalmente, porém conversou com ele por telefone sobre o pagamento e o contrato com a PDA. Castanho informou que a PDA chegou a fazer um projeto – mas que não foi usado, por ter sido entregue depois que os painéis de publicidade já estavam instalados.
O Jornal Nacional, da TV Globo, revelou que teve acesso à troca de e-mails que Castanho entregou à Polícia Federal. Em um deles o Lima cobra o presidente da Inframerica: “Alguém precisa entrar em contato comigo ou com a arquiteta Rita Fratezi para acertar a formatação do contrato”.
O JN também informou que teve acesso aos pagamentos da Alumi para a PDA, um de R$ 469 mil e o outro no valor de R$ 622 mil. Castanho disse que se “não fosse a exigência” da Inframerica, nunca teria contratado a PDA”, e que não sabe pra onde foi o dinheiro que pagou a Lima.
Lima é assessor e próximo de Temer há 30 anos. Para a PF, ele é operador e laranja de Temer em vários negócios. Aqui.
Temer foi vice-presidente de Dilma Rousseff por dois mandatos, escolhido por Lula.
Em 2013, Dilma Rousseff editou a Medida Provisória (MP 595/13) que permitiu que os portos fossem assaltados por grandes grupos privados, além de possibilitar pagamento de gordas propinas.
Segundo confissão em colaboração premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que operou propina para a cúpula do PMDB, Michel Temer, que tem negócios de longa data com com a empresa Rodrimar e outras do setor portuário, influenciou diretamente a aprovação da MP, conhecida como Medida Provisória dos Portos, para defender interesses de grupos ligados a ele. A MP foi aprovada em maio de 2013.
Ainda de acordo com Funaro, após a aprovação da MP, receberam propina Temer, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.
“Essa referida Medida Provisória foi feita para beneficiar os grupos já instalados nos Portos, tendo Eduardo Cunha como o articulador e o responsável pela arrecadação frente a algumas empresas tinham interesse na redação dessa MP”, explica Funaro em um dos anexos da sua colaboração premiada.
“Após a provação da MP acredita [Funaro] que tenham recebido uma comissão pela aprovação da mesma as seguintes pessoas dentre outras: Temer, Cunha, Henrique Alves (que era presidente da Câmara a época), o Ministro dos Transportes, tendo conhecimento de repasses por Gonçalo Torrealba proprietário do Grupo Libra”, diz o anexo sobre o tema.
Veja mais:
Laranja de Temer, mais uma vez coronel Lima Filho se recusa a depor e é solto
Temer plagia Lula e garante que fazenda em nome do seu laranja não é sua