Em carta ao Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, o ex-líder do Partido Trabalhista, hoje deputado independente, Jeremy Corbyn, pediu esclarecimentos sobre o envolvimento do governo inglês no genocídio israelense contra os palestinos em Gaza, solicitando particularmente que as autoridades informem se a base da Força Aérea Real (em inglês: Royal Air Force; RAF) em Akrotiri, no Chipre, está sendo usada como rota para embarques de armas para o regime de ocupação israelense.
Expressando o aumento da rejeição da sociedade ao genocídio contra o povo palestino, o deputado também exigiu uma explicação sobre a possibilidade do Reino Unido interromper a exportação de componentes para caças F-35 destinados a Israel.
“Continuo surpreendido com a admissão do seu governo de que está abrindo uma exceção às obrigações legais do Reino Unido”, escreveu na carta, acrescentando que “o Secretário dos Negócios Estrangeiros aceitou o fato de que as aeronaves F-35 estão sendo utilizadas em violação das normas internacionais do direito humanitário. Ao reconhecer o licenciamento contínuo de peças para aeronaves F-35, seu governo está admitindo sua cumplicidade em crimes de guerra.”
Corbyn compartilhou, no início desta semana um vídeo de seu discurso no Parlamento do Reino Unido, no qual criticou a entrega de armas ocidentais ao governo israelense.
“A capacidade de Israel de destruir a vida em Gaza, matar mais de 46.000 pessoas e destruir instalações médicas só é possível graças ao fornecimento de armas, principalmente dos Estados Unidos. E se somar a isso torna o governo em cúmplice do genocídio”, insistiu ele.
No mês passado, um relatório do Comitê Britânico da Palestina (BCP) disse que o envolvimento de Londres no ataque de Israel a Gaza é muito mais significativo do que a maioria dos relatórios admitiu.
DEPUTADO JOHN MCDONNELL
“Temos uma embaixadora israelense que é uma defensora do ‘Grande Israel’, que se recusa a reconhecer o Estado Palestino, desafia todas as resoluções das Nações Unidas (ONU) que foram aprovadas sobre como podemos garantir essa paz, e ela ainda permanece neste país. Por que não expulsamos a embaixadora israelense?”, questionou o deputado independente John McDonnell em seu discurso na Câmara dos Comuns.
Nessa linha, o povo britânico está apoiando uma petição proposta pela Plataforma Mundial para a Mudança (The World’s Platform for Change) exigindo a expulsão da embaixadora do governo de Benjamin Netanyahu do país por seu apoio ao genocídio na Faixa de Gaza, que conseguiu coletar mais de 80.000 assinaturas em apenas um dia.
“Enquanto a limpeza étnica continua em Gaza e na Cisjordânia, a embaixadora israelense fala abertamente em genocídio e apoia a prática de um ato genocida”, denuncia o documento.
Segundo a lei britânica, se o número de signatários e apoiadores de uma petição exceder 100.000, a petição deve ser atendida no Parlamento deste país.
Tzipi Hotovely, embaixadora do regime sionista em Londres, é conhecida por suas opiniões recalcitrantes e já rejeitou publicamente a chamada “solução de dois Estados” para resolver o conflito israelense-palestino.
DURANTE AS FESTAS CRIANÇAS MORRERAM DE FOME E DE FRIO
McDonnell assinalou que a única solução aplicada no passado foi o “isolamento total de um país”, econômica e militarmente, para impedi-lo de cometer crimes de guerra como Israel está fazendo.
Ele também lembrou a terrível situação na Faixa de Gaza, que foi agravada pelas duras condições do inverno.
“Temos testemunhado durante o período das festas de Natal e Ano Novo, quando celebramos com nossas famílias, cenas de crianças morrendo de fome e frio como resultado das ações israelenses”, registrou.
No sábado (11), fontes médicas palestinas informaram que o número registrado de pessoas assassinadas subiu para 46.537, em sua maioria mulheres e crianças, e 109.571 ficaram feridas, desde o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023.
As mesmas fontes revelaram que as tropas israelenses cometeram cinco massacres na Faixa de Gaza, deixando 32 mártires e 193 feridos, nas últimas 48 horas.
Vale ressaltar que esse número é inferior à realidade já que milhares de vítimas ainda estão sob os escombros e nas ruas, mas as equipes de resgate não conseguem alcançá-las.