
Relatório apresentado em Genebra pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU apresenta documentos comprovando massacre, estupro, abuso e tortura cometidos pelas forças do regime de Netanyahu em Gaza
A comissão de especialistas formada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU apresentou um relatório na subsede da ONU em Genebra denunciando “atos genocidas” e “violência sexual” cometidos pelas forças de Israel durante 17 meses de agressão na Faixa de Gaza.
Uma das acusações, apresentadas nos dias 11 e 12 deste mês, é referente ao ataque a centros de saúde que apoiavam gestantes, entre eles o de embriologia da Al Barma, cujo arraso por projeteis de alto calibre destruíram 4.000 embriões, “quando impedir nascimentos é uma das categorias de atos genocidas de acordo com o Estatuto de Roma e a Convenção Sobre Genocídio”.
Para a comissão, a violência sexual foi usada como “estratégia de guerra” e “aplicada de forma sistemática”.
Netanyahu rejeitou as acusações sem buscar comprovar a falsidade dos fatos apresentados, apenas dizendo que se tratava de “parcialidade antissemita”.
Ele ainda atacou o Conselho de Direitos Humanos da ONU: “Um corpo antissemita, podre e apoiador do terrorismo e irrelevante”.
Fosse tão irrelevante, porque o premiê israelense teria tanta necessidade de responder com tais vitupérios?
“Tais ações”, prossegue o relatório, “somadas ao aumento de mortes de gestantes devido ao restrito acesso a facilidades de saúde, atingem a condição de crime de extermínio e contra a Humanidade”.
Também são documentadas ações de violência sexual repetida como punição de palestinos, a exemplo de obrigar detidos a se desnudarem e agredirem sexualmente os presos.
Um dos testemunhos apresentados foi o de um enfermeiro, que se identificou apenas como Said, por razões de sua proteção, disse que as forças israelenses o sequestraram, o forçaram a tirar a roupa em público e espancaram sua genital.
“Isto é abuso físico, mas também é abuso psicológico”, disse Chris Sidoti, um dos três integrantes da comissão.
Em janeiro de 2024, a Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia, ordenou que Israel, signatário da Convenção de Genocídio, atuasse para prevenir atos de genocídio durante seu ataque a Gaza, a pretexto de combater o Hamas. Decisão tomada depois que a África do Sul apresentou uma ação contra o genocídio israelense à Corte.
A comissão da ONU ressaltou que, no período abrangido pelo relatório, perto de 1.200 israelenses morreram no ataque do Hamas a região de Israel próxima à fronteira com a Faixa de Gaza e 251 foram sequestrados, enquanto que, na devastadora resposta israelense foram mortos mais de 48.000 palestinos.