Com a crise econômica que assola o país, a taxa de desemprego cresceu para 12,4% no trimestre móvel encerrado em fevereiro, totalizando 13,1 milhões de trabalhadores desempregados, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira (28). No período de três meses anterior (setembro a novembro), a taxa era de 11,6% – o que representa, em números, mais 892 mil pessoas sem emprego. Trata-se do maior número de desempregados no país em dez meses ou desde agosto de 2018.
Expressão dessa tragédia que atinge milhões de famílias brasileiras foi a multidão que, há três dias atrás, lotou o Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, em busca de uma vaga de emprego, com um salário médio de R$ 1.500,00.
Segundo os critérios da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua), conduzida pelo IBGE, são considerados “desocupados” os trabalhadores sem emprego que procuraram ocupação nos 30 dias que antecedem a pesquisa.
Conforme o IBGE, a taxa de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial) subiu. Falta emprego para 27,9 milhões de pessoas – ou 24,6% da força de trabalho do país.
A administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi o setor que mais dispensou trabalhadores na comparação com os três meses anteriores, com um corte de 574 mil pessoas. Indústria (-198 mil) e construção (-155 mil) também reduziram o número de trabalhadores.
Desalento
O número de pessoas desalentadas, ou seja, que desistiram de procurar emprego, bateu recorde da série alcançando 4,9 milhões de pessoas. Sobre o trimestre anterior, houve um aumento de 275 mil pessoas nessa condição.
Outro recorde alcançado no trimestre de dezembro a fevereiro de 2019 foi o da população fora da força de trabalho: 65,7 milhões de pessoas.
Subemprego
O número de trabalhadores por conta própria ficou estável em relação aos três meses anteriores, em 23,8 milhões. Mas, frente aos mesmos meses do ano passado, houve uma alta de 2,8%, equivalente a 644 mil pessoas que se viram em busca de algum bico para alimentar sua família.
Os números do IBGE abaixo sintetizam a situação dramática que atinge milhões de lares brasileiros:
A população desocupada (13,1 milhões) cresceu 7,3% (mais 892 mil pessoas) frente ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (12,2 milhões). No confronto com igual trimestre de 2018, manteve-se a estabilidade.
A população ocupada (92,1 milhões) caiu -1,1% (menos 1,062 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e cresceu 1,1% (mais 1,036 milhão de pessoas) em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018.
A população fora da força de trabalho (65,7 milhões) é recorde da série histórica, com altas de 0,9% (mais 595 mil pessoas) frente ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e de 1,2% (mais 754 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2018.
A taxa de subutilização da força de trabalho (24,6%) no trimestre encerrado em fevereiro de 2019 subiu 0,8 p.p. em relação ao trimestre anterior (23,9%). No confronto com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (24,2%), ela subiu 0,4 p.p.
A população subutilizada (27,9 milhões) é recorde da série histórica, com alta de 3,3% (mais 901 mil pessoas) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (27,0 milhões) e de 2,9% (mais 795 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2018.
O número de pessoas desalentadas (4,9 milhões) é recorde da série histórica, ficando estável em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e subindo 6,0% (mais 275 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior.
O percentual de pessoas desalentadas (4,4%) manteve o recorde da série, ficando estável em relação ao trimestre anterior e subindo 0,2 p.p. contra o mesmo trimestre móvel de 2018 (4,2%).
O número de empregados no setor privado com carteira assinada (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 33,0 milhões de pessoas, ficando estável em ambas as comparações. Já o número de empregados sem carteira assinada (11,1 milhões) caiu (-4,8%) na comparação com o trimestre anterior (menos 561 mil pessoas) e subiu 3,4% (mais 367 mil pessoas) comparado ao mesmo trimestre de 2018.
A categoria dos trabalhadores por conta própria (23,8 milhões) ficou estável na comparação com o trimestre anterior e cresceu 2,8% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (mais 644 mil pessoas).
PRISCILA CASALE