A pesquisa Datafolha, divulgada no domingo (08), revela que apenas 19% da população ainda confia totalmente em Jair Bolsonaro. Os 80% restantes, ou seja, a esmagadora maioria dos brasileiros, ou desconfiam totalmente (43%), ou desconfiam na maior parte das vezes (37%) das declarações feitas por ele. O levantamento nacional foi realizado na última quinta-feira (5) e sexta-feira (6) e ouviu 2.948 pessoas em 176 municípios em todo o país.
O nível de otimismo com a atuação do governo é o mais baixo desde que Bolsonaro chegou ao poder. No início do ano 59% achavam que ele faria um governo merecedor de aprovação. Agora esta expectativa positiva caiu para 43%. Numa escala que vai de 0 a 10, a nota média atribuída pelos entrevistados a Bolsonaro foi 5,1, a mesma de agosto. Com essa nota ele está reprovado pela população.
A manutenção da crise econômica, que não dá sinais claros de recuperação, e as medidas tomadas pelo governo contra os direitos sociais e trabalhistas, somadas ao incentivo à violência e o desrespeito ao meio ambiente fizeram com que a taxa de reprovação ao governo, que vinha crescendo, se mantenha alta.
Ela tinha crescido de 30% para 38% nos primeiros oito meses depois da posse de Bolsonaro, agora ficou em 36%, ou seja manteve-se alta e dentro da margem de erro do instituto em relação ao levantamento anterior (agosto).
Os que acham o governo Bolsonaro ótimo ou bom permaneceu no mesmo patamar da pesquisa anterior. Oscilou de 29% para 30%, também dentro da margem de erro.
Mais da metade da população (55%) acham que a economia vai ficar como está ou vai piorar nos próximos anos. O número do que apostam numa melhora variou de 40% na pesquisa anterior para 43% na atual. O otimismo com a economia está presente mais entre os mais ricos do que nas camadas mais pobres da população.
As medidas tomadas por Bolsonaro para abafar os crimes de seu filho Flávio, sua perseguição ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão que descobriu as movimentações milionárias na conta de Fabrício Queiroz, assessor do filho, a demissão do diretor da PF do Rio, que estava investigando as falcatruas de Flávio, fizeram cair a máscara de campanha de que Bolsonaro seria um paladino do combate à corrupção.
Ele praticamente desmoronou toda a estrutura de combate à corrupção e cooptou o juiz Sérgio Moro.
A taxa de aprovação ao seu desempenho no combate à corrupção caiu de 34% para 29%, segundo a pesquisa. Enquanto isso, subiu de 44% para 50% a reprovação ao governo nessa área.
Para 39% dos entrevistados a imagem do Brasil no exterior piorou um ano depois que Bolsonaro assumiu a Presidência e depois que ele passou a agredir países vizinhos e se aliou à política belicista e arrogante dos EUA. Outros 25% dizem que o prestígio do país ficou igual e apenas 31% afirmam que ele melhorou.
Os números indicam também que Bolsonaro chega ao fim do primeiro ano no cargo com avaliação pior do que a recebida por alguns de seus antecessores no mesmo período do mandato. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era aprovado por 41% da população no fim do primeiro ano, Lula alcançou 42% e Dilma Rousseff (PT) tinha 59% de aprovação a essa altura.
Somente Michel Temer (MDB) e Itamar Franco chegaram ao fim do primeiro ano com reprovação maior do que a de Bolsonaro agora. Um ano após o impeachment de Dilma, o ex-presidente Temer era reprovado por 61%.