Dezenas de milhares de manifestantes marcharam, cantaram e fizeram panelaços no domingo, 8, junto com artistas colombianos, em um ato cultural de repúdio popular ao governo de Iván Duque. As manifestações e greves vêm acontecendo desde 21 de novembro.
“As ruas não se calam”, estava escrito com giz no asfalto no centro de Bogotá, que se tornou o maior dos cenários de protestos que se espalham pelas principais cidades da Colômbia.
A multidão formada principalmente por jovens ocupou as ruas para exigir mudanças, com o apoio de artistas locais, aderindo à iniciativa “um canto x Colômbia”, concerto itinerante que percorreu 7 quilômetros e contou com três palanques.
Produzido pelo jornal El Tiempo, vídeo mostra a marcha com música:
Em muitos pontos se ouviu forte o grito de “Fora Duque!”. “O governo tem sido indiferente, não quer escutar, não quer sentar-se para falar, quer impor”, disse Alejandra Obregón, da Universidade Nacional da Colômbia, representante do sector que exige maior acesso à educação pública.
O protesto que começou com uma greve sindical e estudantil, respaldada pela oposição e os indígenas, se transformou em manifestações de repúdio ao governo com a participação de mais de 250 artistas.
As entidades que convocaram o protesto apresentaram 13 exigências que incluem ações para brecar os assassinatos de ativistas sociais, a implementação real do acordo de paz com a desmobilizada guerrilha das FARC e a dissolução do esquadrão anti-distúrbios da polícia, responsável pelo uso criminoso da força nos protestos. Também condenaram uma reforma tributária que reduz os impostos às multinacionais e grandes empresas e rechaçaram os planos para aumentar a idade para aposentadoria, assim como o pagamento de salários menores que o mínimo aos jovens. Duque falou que resolverá as questões, mas diz que não é para agora.
A prefeita de Bogotá, Claudia López, em aberta oposição ao governo de Duque, chamou os cidadãos a participar dos concertos em Bogotá e sair às ruas para se manifestar contra as políticas neoliberais.
Embora em sua maioria pacíficos, os protestos já deixaram quatro mortos, mais de 500 feridos, e 204 presos.
A força policial anti-distúrbios revoltou a população com a morte de um jovem de 18 anos pela ação de um agente que disparou com seu rifle calibre 12, segundo as investigações em curso.
Com 15 meses no poder e a opinião pública contra (sete em cada dez colombianos desaprovam seu governo), Duque não consegue conter os protestos.
Os sindicatos convocaram novos protestos até que o governo e o Congresso negociem para valer, aumentem o salário e desistam, pelo menos, de uma reforma tributária que, denunciam, golpeia a classe média e corta impostos às empresas maiores.