O presidente do México, López Obrador, exortou os mexicanos: “fiquem em casa”. A declaração veio na sexta, dia 27, junto com o alerta de que todas as pessoas devem participar da luta contra o coronavírus com medidas que proporcionem o distanciamento social para evitar “que os casos de infecção disparem”.
A enfática declaração de Obrador aconteceu assim que a Secretaria da Saúde (equivalente ao nosso ministério) informou que, até a quinta-feira, o número de infectados chegara a 717 constatados e que 12 pessoas já haviam falecido. De acordo com os números da Secretaria, os infectados naquele foram 132, ou seja, que a propagação começava a se acelerar.
“Agora o que queremos é que todos se retirem, que estejam em suas casas, com suas famílias, ajudem-nos a guardar a saudável distância e que haja higiene”, acrescentou o presidente mexicano.
“Tenho dito e acredito que, mais que os hospitais, temos que nos cuidar a nós mesmos. É melhor prevenir que lamentar”, prosseguiu.
Ele estimulou ainda a “solidariedade familiar” e que hajam esforços no sentido de “cuidar de nossos adultos mais velhos, pois está demonstrado que eles são os mais vulneráveis. Também devemos acompanhar com cuidado os que padecem de diabete, hipertensão, problemas renais e as mulheres grávidas”.
A seguir, Obrador reitera: “Se não nos retirarmos a nossas casas os casos de infecção vão disparar e os hospitais ficarão saturados. Ainda que estejamos preparados, será algo transbordante”.
Ele ainda observou que, permitir a exacerbação da disseminação do vírus, além do inaceitável custo em vidas, “é o que pode fazer a economia se retrair ainda mais”.
Obrador entendeu a questão em jogo e, ao contrário dos erráticos movimentos de Bolsonaro, estimulando até manifestações contra o indispensável isolamento, passou a seguir as orientações das autoridades sanitárias de seu governo e, em linha com os dirigentes de países no mundo inteiro, deixou de falar em “seguir a vida normalmente”.
Um dia antes de sua mensagem demonstrando que absorveu as recomendações dos especialistas, Obrador havia sido criticado com firmeza pelo subsecretário de Prevenção e Promoção da Saúde, Hugo López-Gatell. “Estou surpreso de que a mensagem para ficar em casa não tenha sido assimilada, mas que não haja dúvida: a meta é que a maioria das pessoas estejam fora do espaço público para achatar a curva epidêmica do covid-19”, disse López-Gatell na quinta-feira (26).