Jair Bolsonaro vetou o Projeto de Lei que dá o nome do ex-presidente João Goulart, deposto por um golpe de Estado pela ditadura em 1964, a um trecho da rodovia BR-153, conhecida como Belém-Brasília.
Bolsonaro falou que a homenagem seria “inoportuna” e que João Goulart tinha “práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”.
Disse ainda que colocar o nome de João Goulart na rodovia estaria “em descompasso com anseios e expectativas da população”.
O Projeto de Lei 4261/2012, de autoria do ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que também foi ministro das Relações Exteriores, daria o nome de Jango ao trecho da rodovia que vai de Cachoeira do Sul (RS) até Marabá (PA), que tem cerca de 3,2 mil km.
Apenas o trecho entre Aceguá (RS) e Cachoeira do Sul não levaria a homenagem ao ex-presidente.
Jair Bolsonaro prefere e quer, como já demonstrou em diversas ocasiões, a ditadura. Ele já disse, por exemplo, que o dia em que aconteceu o golpe militar é “o dia da liberdade” e um “marco para a democracia brasileira”.
Depois que foi eleito, Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa promovesse anualmente as “comemorações devidas” ao golpe de 1964.
Bolsonaro também já homenageou torturadores, como Carlos Brilhante Ustra, e fez chacota dos assassinados pela ditadura.
Segundo ele, o “erro” da ditadura foi não ter assassinado 30 mil pessoas.
Em 1999, o então deputado federal Bolsonaro, em entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes, concluiu que “o voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil”. E declarou que começaria a matança pelo ex-presidente FHC (Fernando Henrique Cardoso).
Ele falou ainda na mesma entrevista que, se fosse presidente, fecharia o Congresso.
João Goulart, nascido no Rio Grande do Sul, foi ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e eleito vice-presidente nos mandatos de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros com votações consagradoras.
Quando Jânio Quadros renunciou, em 1961, João Goulart, que deveria, pela Constituição, assumir a Presidência, teve que enfrentar tentativas de golpe e assumir em um regime parlamentarista.
Jango esteve no poder até 1964 e teve um governo trabalhista e democrático, trazendo as heranças do getulismo. As chamadas Reformas de Base foram a marca de seu governo, pois tratavam dos assuntos mais importantes para o desenvolvimento do país, como as reformas agrária, urbana, fiscal, bancária, educacional, entre outras.
No dia 1º de abril de 1964, setores do Exército apoiados pelo imperialismo estadunidense promoveram o golpe e instauraram a ditadura que perdurou até 1985, o que levou João Goulart a buscar exilio no exterior.
ELEVADO JOÃO GOULART
O viaduto conhecido como “Minhocão”, que atravessa o centro de São Paulo, tinha o nome de Elevado Presidente Costa e Silva, em homenagem a um dos presidentes da ditadura.
Em 2016, o Minhocão foi renomeado para Elevado João Goulart.
O filósofo e filho de João Goulart, João Vicente Goulart, disse, na época, que “é uma emoção para a nossa família e também para tantos companheiros que acreditam no progresso, na justiça social e na soberania nacional”.
“Vale lembrar que Costa e Silva foi quem baixou o AI-5, instituiu a violência como política de Estado e radicalizou as perseguições”, continuou.