A elevação da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), na quarta-feira (18), segue repercutindo negativamente entre entidades de trabalhadores e empresariais.
Para a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, “o Banco Central, por meio do Copom, segue praticando uma política monetária proibitiva para o desenvolvimento do país”.
De acordo com a diretora da Central, “mesmo tendo sofrido algumas reduções, nos últimos dois anos, a Selic foi mantida elevadíssima, fazendo o Brasil figurar entre os três países com as maiores taxas de juros reais (que é o resultado da Selic menos a inflação) do mundo”, afirma.
Segundo a entidade, o novo índice, de 10,75%, só prejudica o país, com elevação do custo de vida da população e das contas públicas. “Só em 2023, o setor público gastou mais de R$ 732 bilhões com juros dos títulos públicos, negociados com base na Selic”, denuncia a CUT em seu site.
A entidade cita ainda cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostra que “a elevação de 0,25 p.p. na Selic aumentará em R$ 13 bilhões os gastos da União (considerando Governo Federal, governos estaduais e empresas estatais) com os juros dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, por ser o principal índice de negociação desses papéis”. Conforme Juvandia Moreira, além do impacto nos gastos públicos, “a Selic induz os juros praticados por todo o sistema financeiro do país, portanto, o aumento na taxa básica reflete-se no aumento do custo de vida da população, no aumento de custo para o desenvolvimento de empresas e, assim, prejudica a criação de empregos. É uma verdadeira política de boicote à economia”, afirma.
Sobre a justificativa usada pelo Copom para o aumento de quarta-feira, e a sinalização de que deve realizar novas elevações de acordo com a necessidade de “convergência da inflação à meta”, o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, rebate afirmando que “a inflação segue sob controle no país”.
“Mas, eles invertem o discurso e dizem que o problema do Brasil é a inflação, por isso a Selic elevada. Uma grande mentira para os interesses de poucos que se beneficiam com os títulos da dívida pública”, diz.