Em entrevista à Jovem Pan, na quarta-feira (24), o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro disse que o ex-juiz federal aceitou ser ministro de Bolsonaro “sabendo que não tinha nada a ver com o governo”
O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chamou o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) de “comunista”, “traíra” e “a favor de drogas”. A fala ocorreu, na quarta-feira (24), no programa Morning Show, da Jovem Pan.
O ex-ministro da Justiça deve ser concorrente de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Por essa razão, as hordas bolsonaristas estão mais radicalizadas com Moro, que pode tirar votos do chefe do Executivo.
A entrevista é completamente sem nexo. “Comunista”, “tucano” e a “favor de drogas” são três pontas que não se ligam ou juntam e nada tem a ver uma com a outra.
Essas loucuras têm a mesma origem de o “nazismo é de esquerda”; a “terra é plana”; e a “ideologia de gênero”.
Nenhuma pessoa minimamente lúcida fica fazendo proselitismo destas bobagens inventadas por quem vive em “mundo paralelo”. Na versão tupiniquim, o extremismo de direita neofascista mistura delírio, boçalidade e ignorância, no sentindo de não saber, ignorar.
DIREITISMO TRESLOUCADO
“A política de dissimulação, de traição do Moro, que aceitou ser ministro do Bolsonaro sabendo que não tinha nada a ver com o governo. Ele é de esquerda, ele é contra as armas, a favor da liberação das drogas. O Moro é comunista”, afirmou Salles.
Ao ser questionado, completou: “Vai dizer que o Moro não é de esquerda? O Moro é um tucano”.
Ricardo Salles deixou o cargo na pasta do Meio Ambiente em junho, após virar alvo de investigações por crimes ambientais e improbidade administrativa. Por sua atuação contra o meio ambiente e a favor dos madeireiros criminosos, Salles tornou-se alvo de críticas dos ambientalistas, empresários, lideranças indígenas e servidores da área ambiental.
O ex-juiz deixou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Moro deixou a pasta em abril de 2020, alegando interferência do chefe do Executivo na Polícia Federal.
“Esse é o Moro que eu conheci, que foi meu colega nos ministérios. Conheci o Moro durante um ano e meio sendo ministro com ele”, justificou.
Salles também afirmou na entrevista que Moro “só foi para o governo, que ele já sabia que não era o que ele pensava, para virar ministro do Supremo [Tribunal Federal]. Só que como diz o Chapolin: ‘Não contavam com a minha astúcia’. E Bolsonaro não botou ele no Supremo”.
Aqui é outra fake news de Ricardo Salles, outra “narrativa” contra Moro. Ele esconde que quando Moro estava de saída a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada ardorosa de Bolsonaro, foi desesperadamente tentar convencer o ex-ministro da Justiça a ficar no governo e se ofereceu para intermediar a indicação a uma vaga no STF junto a Bolsonaro para o ex-juiz. E Moro respondeu prontamente: “Prezada, não estou à venda”.
Se toda a questão fosse a indicação para o STF, Moro não teria saído.
O ex-Meio Ambiente reforçou que, apesar de ter deixado o governo Bolsonaro, em meio a uma gestão de polêmicas e conflitos, continua apoiando o presidente em seu projeto de reeleição. “Ele é o capitão do nosso time. O nosso time é do Bolsonaro”, afirmou.