O presidente do PSD, Gilberto Kassab, decidiu reforçar a discussão acerca do impeachment de Jair Bolsonaro após as falas golpistas do presidente da República nas manifestações antidemocráticas realizadas por ele e seus apoiadores no 7 de Setembro.
“Parece que as condições estão criadas” para a análise de um pedido de impedimento, afirmou à rede CNN.
Segundo o político, Bolsonaro precisa ser submetido ao processo “caso descumpra” alguma ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, como prometeu.
“O presidente elevou o tom. Hoje (terça) a crise política teve a sua temperatura aumentada. Os discursos do presidente foram perigosos. Caso ele cumpra o que assumiu nas suas manifestações, cria condições pelo impeachment”, disse Kassab.
Bolsonaro discursou nas manifestações em Brasília e em São Paulo. Em ambas, disse que não vai mais cumprir decisões judiciais de Moraes. Além disso, afirmou que “ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”.
“No momento que fala como presidente da República que não vai atender decisões do Judiciário, seja de um ministro ou do Judiciário como um todo, ele está avisando que vai promover a ruptura. É crime de responsabilidade, que impõe ao Congresso impor o processo de impeachment”, analisou o presidente do PSD.
Kassab avaliou que o tempo para um processo de impeachment, exíguo até a eleição, não pode ser uma barreira. “Paciência”, afirmou.
“Se ficar comprovado que o presidente trabalha para gerar um conflito entre as instituições, se seu governo passa a não obedecer às determinações do Poder Judiciário, vai deixar o governo rumar para um golpe sem fazer nada? Se as condições do impeachment estão estabelecidas, você tem que abrir um processo, qualquer que seja a data, paciência”, acrescentou.
A abertura de um processo para o impedimento do mandatário máximo depende de uma decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O presidente do PSD disse esperar que ele vá ter “bom senso” sobre a questão.
COMISSÃO DO IMPEACHMENT
O PSD anunciou que formará uma comissão de impeachment para acompanhar os desdobramentos das manifestações do governo no 7 de setembro e avaliar as reações às ameaças realizadas ao Estado democrático.
A comissão será formada pelos líderes do partido na Câmara, Antonio Brito, e no Senado, Nelson Trad, e pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, que se reunirão para definir os demais nomes do colegiado.
“A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção. Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou não, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da República”, afirmou Kassab na terça-feira.
“Começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante”, avaliou.