Após 38 longos anos durante os quais afirmou ser inocente do assassinato de sua mulher e do filho dela, Craig Coley, hoje com 71 anos, foi libertado nos Estados Unidos. Um exame de DNA comprovou o que o “prisioneiro modelo” havia sustentado durante cada minuto em que esteve atrás das grades, condenado à prisão perpétua. “Passei quatro décadas sem poder chorar a mulher e o garoto que eu amava”, declarou Coley.
Mesmo com insuficiência de provas, Craig Coley foi acusado em 1978 pelo assassinato de sua companheira Rhonda Wicht, de 24 anos, que foi encontrada morta no apartamento, com sinais de estupro e estrangulamento, com o filho dela, Donald, de quatro anos, morto por asfixia.
Para colocar por quase quatro décadas um inocente atrás das grades a polícia da Califórnia só precisou suspeitar de Coley, pois um vizinho alegou tê-lo visto no apartamento e ter escutado uma briga. Ele foi condenado em 1980 à prisão perpétua, sem direito a condicional.
Agora, a administração municipal de Simi Valley fechou um acordo extrajudicial, pelo qual o inocente receberá US$ 21 milhões (cerca R$ 78,7 milhões) como indenização da sua cidade de residência.
“Ainda que nenhuma quantidade de dinheiro possa compensar o que aconteceu com o senhor Coley, resolver este caso é o correto para ele e para nossa comunidade”, disse em um comunicado Eric Levitt, representante da administração municipal. “A despesa para levarmos o caso a julgamento seria astronômica, e seria irresponsável nós seguirmos nessa direção”, acrescentou.
Explicitamente, Levitt admitiu que somente fechou o acordo com um senhor de 71 anos que passou a maior parte da vida trancado numa penitenciária porque uma solução por meio do Judiciário – para continuar adiando o pagamento da indenização – seria ainda mais custosa para a cidade.
“A honra com que Coley suportou esta prisão prolongada e injusta é extraordinária”, declarou o governador Jerry Brown, no documento em que ordenou a libertação. E acrescentou: “Concedo este perdão porque Coley não cometeu estes crimes”.
O período de prisão de Coley foi o mais longo já revogado na Califórnia, que contou com a importante iniciativa do Departamento de Polícia de reabrir o caso que levou à descoberta da prova que o inocentou. O teste de DNA fez parte de uma investigação de um ano iniciada em outubro de 2016 a pedido de policiais que duvidavam da culpa de Coley.
Quatro décadas se passaram e os investigadores ainda não conseguiram identificar o responsável pelos assassinatos de Rhonda Wicht e seu filho Donald.