A Fundação Osvaldo Cruz solicitou formalmente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para uso emergencial da vacina da multinacional AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra. O pedido foi confirmado horas após o Instituto Butantan enviar a documentação necessária para a liberação da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o órgão paulista.
Segundo a Anvisa, a solicitação é para o uso de 2 milhões de doses de vacinas importadas do laboratório Serum, da Índia, que produz a vacina da AstraZeneca. A agência tem o prazo de dez dias para analisar a solicitação.
Além do pedido de autorização emergencial de uso, a Fiocruz deve solicitar o registro definitivo até 15 de janeiro.
“Este é um momento histórico para a Fiocruz. A submissão desse pedido de autorização para uso emergencial da nossa vacina Covid-19, desenvolvida em parceria com a unidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, é um passo importante para que possamos ter acessível, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), uma vacina eficaz e segura para o Sistema Único de Saúde”, afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
Ao longo da semana, a fundação já havia realizado reuniões com a Anvisa para preparar o pedido de autorização emergencial de uso. A “vacina de Oxford”, como ficou conhecida, é a principal aposta do governo federal para a imunização da população brasileira. Em 30 de dezembro, a agência reguladora do Reino Unido aprovou o uso desse imunizante.
A eficácia global da vacina de Oxford é de 70%, segundo revisão publicada na revista Lancet.
Carta à Índia
Após meses de sabotagem com o plano de imunização contra o coronavírus, o governo Bolsonaro tenta agora acelerar a chegada de um carregamento da vacina AstraZeneca com o objetivo de fazer com que o país não inicie a imunização com a CoronaVac.
Na noite desta sexta-feira, Bolsonaro enviou carta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo a antecipação “com a possível urgência” do envio para o Brasil de 2 milhões de doses de vacina. Segundo ele, o objetivo do pedido é permitir a “imediata implementação” do programa brasileiro de imunização.
O carregamento indiano tem previsão de embarque para o Brasil no dia 20 de janeiro, mesma data em que o ministro da Saúde anunciou o início da imunização. Em São Paulo, o governo João Doria anunciou a vacinação para 25 de janeiro.
A falta de ação de Bolsonaro tem como principal consequência o atraso injustificável do país na vacinação.
Enquanto o presidente age de forma negacionista, mais de 50 países já iniciaram a imunização contra o coronavírus.
A sabotagem de Bolsonaro, no entanto, conta com o repúdio da maioria da população que tem na vacina a única solução diante da pandemia. A ação de governadores e gestores comprometidos com a saúde pública freou o movimento anti-vacinação bolsonarista.
Ainda que com a oposição do presidente, o Ministério da Saúde confirmou ontem a compra das 46 milhões de doses da vacina do Instituto Butantan e a sua inclusão no Plano Nacional de Imunização (PNI). Mais de 10 milhões de doses da vacina, que teve a eficácia de 78% comprovada, já estão nos estoques do Butantan.