Idosos foram às ruas contra a alta do desconto e por reajuste das aposentadorias pelo índice da inflação
“Macron, você está ferrado, os velhos estão na rua!”: apesar do frio do inverno, os aposentados voltaram a se manifestar por toda a França nesta quinta-feira (31) para exigir o cancelamento do aumento do desconto sobre as pensões (CSG) e o reajuste das aposentadorias pela inflação, de 1,7%. Os atos foram encabeçados pela CGT e mais oito federações e centrais. Em Paris, os idosos marcharam desde a Praça Itália até o Ministério das Finanças em Bercy.
Com brados como “devolva nosso poder de compra” e “aposentados maltratados, aposentados revoltados”, ocorreram protestos também em Marselha, Rennes, Saint-Etienne, Montpelier, Dijon, Rouanne e outras cidades. Manifestantes – como têm ocorrido nas mobilizações dos Coletes Amarelos – também pediram o “renuncia Macron!”, conforme o jornal Le Figaro.
É a sexta manifestação dos aposentados franceses desde setembro de de 2017, e a intenção de Macron, de piorar a horrenda reforma da previdência de Sarkozy (de 2012), só não avançou porque a revolta dos Coletes Amarelos deixou em frangalhos a arrogância do “presidente dos ricos”. Os manifestantes também repudiaram as ameaças de privatização da previdência, via o famigerado sistema de ‘capitalização’, em favor dos bancos. Tentando deter os protestos contra a alta do preço do diesel e o corte de impostos de ricaços e corporações, Macron havia anunciado em dezembro que estava recuando do aumento do desconto para os aposentados que ganhassem até 2.000 euros.
Conforme o jornal francês, apesar de ser pequena a participação de aposentados com colete amarelo, muitos dos aposentados presentes no ato concordam que “o movimento dos coletes amarelos jogou a favor da mobilização e da necessidade de agir” contra as injustiças do governo”. Ouvida pela RT France, uma senhora, que disse ser a primeira vez que participava, denunciou que Macron “obrigou todos os franceses de baixo a trabalharem pela vida toda”.
Outra aposentada – identificada apenas como Marie, ex-educadora esportiva ouvida pelo Figaro – denunciou que nos últimos dez anos, o custo de vida “tem aumentado constantemente, enquanto nossas aposentadorias estão diminuindo”. Um ex-funcionário do setor de alimentação, Jacques, aposentado há nove anos, relatou que tem passado por “restrições sobre minhas despesas com alimentos”.
Yves, que deixou de lecionar há quase cinco anos, advertiu que o “direito à aposentadoria está sendo desafiado lenta mas inexoravelmente”. Ele também denunciou que os aposentados vivem ‘uma precariedade preocupante’, com seu poder aquisitivo se deteriorando ao longo dos últimos três governos.
Nos discursos, oradores se referiram aos jovens em casa – sem emprego – e idosos na miséria: “essa não é a sociedade que queremos”. Na mesma linha, muitos manifestantes querem enviar uma mensagem para a nova geração: “Nós também queremos mostrar aos jovens que devemos lutar por nossos direitos sociais”. No meio da multidão, jovens se disseram “solidários com os mais velhos”. Os aposentados entrevistados, também mencionaram, segundo o jornal, seu apoio à restauração do ISF (o imposto sobre fortunas, abolido por Macron) e a introdução de um imposto sobre grandes empresas, que não pagam todos os seus impostos na França “como soluções para encher os cofres públicos”.