No Meia Noite em Pequim desta semana, o pesquisador e escritor Elias Jabbour enfoca as consequências da assinatura, pela Argentina, da entrada nesse arranjo que a China tem feito de exportação de bens públicos, e já irá receber US$ 23 bilhões em investimento.
O que inclui US$ 8 bilhões para a usina nuclear de Atucha 3, reconstrução de toda a sua malha ferroviária, enfim “uma volta por cima da Argentina”.
Nos últimos 25 anos, a Argentina tem vivido a história de neoliberais destruindo o país (Menem) e do outro lado, o casal Kirchner, que traz de volta a Argentina à sua dignidade nacional, assinala Jabbour.
Macri vence as eleições e a Argentina passa de novo por um processo de destruição – uma dívida de US$ 40 bilhões com o FMI e 30% da sua população vivendo abaixo da linha de pobreza.
O governo de Alberto Fernández chega ao poder com um duplo desafio: renegociar os termos dessa dívida com o FMI e reinserir políticas de desenvolvimento econômico.
Agora, esse acordo com a China vai de encontro aos interesses nacionais da Argentina, entre eles, a reindustrialização. Diante da inércia do Brasil, a Argentina vai desenvolvendo relações com outros países, como a China.
“Eu lamento muito o Brasil estar fora desse arranjo de reconstrução da economia argentina. Estamos completamente fora, nós temos um presidente que nunca ligou para o presidente argentino, nunca visitou a Argentina, que é um dos nossos maiores parceiros comerciais”.
Então – Jabbour destaca – “fico muito feliz com o povo argentino por esse acordo, demonstra uma sagacidade de ambos os lados, da Argentina e da China, mas eu fico muito triste pelo Brasil não ter entrado”.
Ele conclui salientando que o acordo envolve a reconstrução da Argentina mas também a reconstrução da infraestrutura de toda a América do Sul. A Integração, que foi totalmente interrompida após essa onda de golpes de estado que, ao que tudo indica, está parando agora.
Elias Jabbour é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e em Relações Internacionais da UERJ.