Sessão solene comemora centenário do PCdoB, com a participação dos líderes partidários, representantes de embaixadas e lideranças políticas
Em sessão solene, no plenário da Câmara dos Deputados, foi realizada a homenagem ao PCdoB em comemoração aos 100 anos de fundação da legenda, nesta quarta-feira (23), pela manhã.
A sessão foi presidida pelo líder da bancada da legenda, deputado Renildo Calheiros (PE), que abriu os trabalhos.
Renildo, ao proferir seu discurso, percorreu a longa história dos comunistas no Brasil. “Em 100 anos de atividade, tivemos apenas 37 anos e meio de legalidade. O restante foi todo na ilegalidade ou na mais completa clandestinidade”, chamou a atenção.
“Nos poucos anos de legalidade, o PCdoB participou de todos os pleitos eleitorais e apresentou ao povo brasileiro um programa assentado na ideia de extinção da miséria, da pobreza e das desigualdades. Essas são as bases para levar todos os brasileiros ao sonho de uma sociedade mais justa, mais avançada, igualitária, sem miseráveis, onde todos possam efetivamente usufruir da riqueza produzida socialmente; uma sociedade socialista”, destacou.
LÍDERES HISTÓRICOS
“Na década de 40, 10% dos eleitores brasileiros confiaram seus votos aos comunistas e elegeram uma bancada atuante e aguerrida para a Assembleia Constituinte de 46, com um senador, Luis Carlos Prestes, ‘O Cavaleiro da Esperança’”.
Foram eleitos ainda “14 deputados federais, personalidades brilhantes, homens do quilate de João Amazonas, por muito tempo presidente do PCdoB, liderança respeitada por estadistas, governantes e lideranças de todo o mundo”.
E “gigantes como Carlos Marighela; Jorge Amado, Agostinho Dias de Oliveira, Alcêdo Coutinho, Gregório Bezerra, Abilido Fernandes, Claudino Silva Henrique Oest, Gervasio de Azevedo, José Maria Crispim e Osvaldo Pacheco da Silva”, enumerou.
A CASSAÇÃO
“O general Gaspar Dutra, em 1948 cassou os mandatos dos comunistas eleitos pelo povo e também o registro do Partido Comunista do Brasil”, lembrou Renildo.
“Num discurso memorável proferido na tribuna desta Casa o líder da bancada, deputado Mauricio Grabois, prenunciou: ‘Quando surgir a verdadeira democracia, a democracia do povo, quando for respeitada sua vontade, podem estar certos os que nesse instante cassam nossos mandatos que voltaremos…”
“Décadas se passaram e, quando em 1985 emergiu a Nova República, essa Casa votou a Emenda à Constituição 25/1985 sancionada pelo Presidente José Sarney e finalmente os partidos obrigados a viver na clandestinidade recuperaram sua legalidade.”
VOLTAMOS: PROFERIU HAROLDO LIMA
“Na Sessão de 7 de agosto de 1985, o deputado Haroldo Lima assumiu a Liderança do PCdoB na Câmara, resgatando o derradeiro pronunciamento do líder Grabois e anunciando: 37 anos depois, com muita honra e emoção, trago de novo a essa Casa a voz dos comunistas…. Voltamos”, não esqueceu Renildo no discurso que proferiu.
“Sr. Presidente, já se passaram 35 anos desde a volta da Democracia ao nosso país e a voz dos comunistas esteve sempre presente no Parlamento brasileiro.”
“Voltamos ao Senado da República com a eleição do senador Inácio Arruda pelo Ceará e Vanessa Grazziottin pelo Amazonas. Ambos orgulharam os democratas brasileiros com a defesa vigorosa de uma Nação Soberana e do Estado Democrático de Direito.”
BICENTENÁRIO DA REPÚBLICA E FEDERAÇÃO
A presidenta do PCdoB, vice-governadora do Estado de Pernambuco, Luciana Santos, lembrou o legado de “amor e coragem pelo nosso país”, neste centenário de existência da legenda comunista no Brasil.
“O PCdoB cultiva efetiva convivência democrática com todos os partidos do Brasil”, destacou no discurso proferido na tribuna da Câmara. Ela lembrou que “no centenário de nossa legenda, acontece no mesmo ano do bicentenário da independência do Brasil”.
Ao pronunciar as homenagens à legenda centenário, o ex-deputado federal e constituinte, Aldo Arantes destacou o feito relevante liderado pela bancada do PCdoB na Câmara, que foi a aprovação do projeto de lei que originou a lei das federações partidárias. Isso, segundo Aldo Arantes, se materializou em razão da “capacidade de o PCdoB conviver com as outras forças” político-partidárias brasileiras.
Thais Falone, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou que a sessão solene pelos 100 anos do PCdoB “marca a esperança de dias melhores” para o Brasil.
HOMENAGENS DOS PARTIDOS
Várias lideranças políticas se manifestaram para homenagear a passagem do centenário do PCdoB. O líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (MG), lembrou das “lutas, vitórias e resistências” conjuntas entre ambas as legendas. “Nosso partido reafirma nossa amizade, solidariedade e a nossa parceria”, discursou Lopes.
O líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), enfatizou que 1922 foi o ano de dois acontecimentos importantíssimos para a história do país: “centenário do nascimento do nosso grande e saudoso líder Leonel Brizola e a constituição desse partido que hoje é uma trincheira de lutas para o Brasil”. “Com o PCdoB estou cercado dos meus melhores amigos, das minhas grandes referências políticas”, disse o deputado Wolney Queiroz (PDT-PE), líder da oposição e ex-líder da bancada trabalhista. O deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) lembrou a atuação da bancada do partido na Constituinte de 1988, especialmente de Haroldo Lima, dirigente histórico da sigla falecido em 24 de março do ano passado, aos 81 anos, em decorrência de complicações da Covid-19.
A deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) destacou que “100 anos não é pouca história”. “Não é pouco tempo, ao contrário é 1 século de história”, enfatizou. “Século este que se vincula com a história do movimento operário brasileiro”, destacou.
Pelo PSB, a deputada Lídice da Mata (BA), que já integrou os quadros do PCdoB, desejou mais 100 anos de existência à legenda dos comunistas. “100 anos de muitas lutas, história, de adaptação dessas lutas, renovação dessa luta, de novas bandeiras que se incorporaram a esses movimentos”, enumerou.
A presidente do PT, deputado Gleisi Hoffmann (PR), que também fez parte dos quadros do PCdoB, destacou que o “PCdoB é mais que aliado, é um partido irmão”. “100 anos de uma história longa, grande, de contribuição à democracia, pelo direito do povo, pela soberania deste País”, pontificou. O senador Jaques Wagner (PT-BA) declarou que o PCdoB “é exemplo de renovação, sempre com a juventude, sempre com a militância estudantil”.
Representando o União Brasil, o líder Elmar Nascimento (BA) destacou a liderança do PCdoB pela aprovação do projeto de lei que deu origem a lei das federações partidárias.
O líder do PSD, deputado Antonio Brito (BA), disse que o partido comunista “chega hoje com força total”. Ele elogiou as lideranças da legenda na Bahia, entre elas os deputados Alice Portugal e Daniel Almeida, e fez uma homenagem especial a Haroldo Lima. “São 100 anos de coragem e amor pelo Brasil”, concluiu.
GOVERNOS LULA E DILMA
Não passou em branco a experiência do PCdoB nos governos Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016). Renildo lembrou que “o Brasil viveu a experiência de novos rumos de um governo comprometido com o povo, com o combate às desigualdades, com a geração de emprego e com a inclusão social.”
“Os comunistas ajudaram a tirar o Brasil do mapa da fome, a levar os filhos dos trabalhadores aos bancos das universidades, e a iluminar os mais distantes rincões deste País continental”, asseverou.
“Ajudamos, a levar água para sertão, encerrando a cruel indústria da seca”, enfatizou, e acrescentou, “que roubava a cidadania dos sertanejos e através do esporte vimos florescer toda uma geração de campeões na nossa Nação.”
“O PCdoB prosseguirá com coragem, determinação e amplitude fazendo sempre o chamado ao povo e às forças políticas para travar a justa luta para que nosso país possa avançar pela senda luminosa da democracia, a mais ampla possível, e a denunciar as ações do arbítrio, da opressão e da reação”, finalizou o líder.
FESTIVAL VERMELHO
O Festival Vermelho será o evento que culminará com as comemorações do centenário do partido, uma iniciativa inédita no Brasil.
O festival movimentará a cidade de Niterói (RJ), sexta-feira (25) e sábado (26), no Caminho Niemeyer, com atividades culturais e políticas.
O evento terá mais de 30 horas de programação, o acesso vai ser gratuito e tem início às 15h da sexta-feira. A realização é da Fundação Maurício Grabois, do PCdoB.
M. V.