Presidente do Cidadania disse ao HP que o movimento Direitos Já! “traz algo de fundamental importância para que o movimento a favor do impeachment cresça e se consolide na sociedade”
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, disse que Jair Bolsonaro não deixou de ser golpista por conta da carta que divulgou no dia 8 de setembro e que o “recuo” foi apenas para conseguir, mais tarde, “dar continuidade ao seu intento de destruir a democracia”.
Em entrevista concedida ao HP, Freire afirmou que a resposta ao golpismo deve ser uma frente ampla com “integração de partidos da esquerda com movimentos da direita, inclusive dissidentes do bolsonarismo”.
Depois de, no dia 7, chamar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de “canalha” e falar que não iria mais cumprir suas decisões, Jair Bolsonaro assinou uma carta, escrita por Michel Temer, falando que não teve a intenção de agredir nenhum Poder.
Para Roberto Freire, que já foi deputado federal e senador por Pernambuco, Bolsonaro “claramente assumiu um crime de responsabilidade” em seu discurso na Avenida Paulista e “recuou” porque “viu que o seu intento golpista não tinha prosperado”.
O “recuo estratégico” aconteceu “para diminuir a pressão pelo impeachment, que cresceu muito, inclusive no Congresso Nacional, e evitar um STF muito mais ativo do que já está sendo”.
“Sem dúvida” Jair Bolsonaro continua sendo um golpista, avalia Freire. “Isso faz parte da história dele, desde quando, no Exército Brasileiro, ele tentou soltar uma bomba em um quartel por conta de uma disputa salarial”.
“Não vamos ficar pensando que quem tem como ídolo um torturador como Ustra tenha boa fé em qualquer uma de suas ações”, acrescentou.
O Cidadania participou das manifestações pelo impeachment de Bolsonaro no último domingo (12). Roberto Freire esteve em Brasília e o senador Alessandro Vieira (SE), que é pré-candidato à Presidência pelo partido, esteve em São Paulo.
O presidente do partido disse que a manifestação foi “um passo importantíssimo na ampliação da frente contra o governo e que apoia o impeachment”.
“Esse primeiro passo vai ser muito significativo para que ampliemos mais a próxima manifestação com forças que também são favoráveis ao impeachment e que vão fazer o combate ao governo Bolsonaro de forma mais unificada e, portanto, com maior força e presença na sociedade”.
DIREITOS JÁ!
Roberto Freire estava confirmado para participar da abertura do 2º Ato Internacional em Vigília pela Democracia Brasileira, que acontecerá na quarta-feira (15), organizado pelo movimento Direitos Já! Fórum pela Democracia, mas, por conta de um imprevisto, não poderá mais estar presente.
O Cidadania, que já compõe o movimento desde o surgimento, ainda estará presente no evento com a representação da ex-vereadora de São Paulo, Soninha Francine.
Freire disse que vê “com muita alegria” organizações da sociedade civil estarem se posicionando pelo impeachment, como é o caso do Direitos Já!.
“Isso traz algo de fundamental importância para que o movimento a favor do impeachment cresça e se consolide na sociedade, porque eles têm uma legitimidade maior até do que a dos partidos políticos”, pontuou.
O Direitos Já! “é um movimento que, pela sua capacidade e respeito, tem todas as chances de convocar todos os movimentos e partidos sem que nenhum, que seja favorável ao impeachment, vá dizer que não participa porque não gosta de ‘a’ ou de ‘b’”.
“O que estamos discutindo é daqui para frente, ressaltando que não tem nada a ver com 2022, porque isso vamos conversar depois. Precisamos agora de uma oposição unida no combate efetivo ao governo fascista de Bolsonaro”, argumentou.
O ato vai ser realizado na quarta-feira (15), às 18h, com transmissão pelas redes sociais do Direitos Já!.
PEDRO BIANCO