Em live nesta quinta-feira (1), ele falou que não passa a faixa presidencial de jeito nenhum e voltou a atacar a CPI da Covid
Jair Bolsonaro tem repetido alguns bordões exalados por Collor de Mello assim que o processo de impeachment tomou corpo no início dos anos 90. “Ninguém me tira daqui”. “Eu tenho o saco roxo”, dizia Collor. Agora, Bolsonaro usa suas lives para repetir: “Só Deus me tira daqui”. “Podem tirar o cavalo da chuva”. E, nesta última quinta-feira (1), com o avanço da CPI da Covid, ele prometeu que não entregará a faixa presidencial ao seu sucessor.
A recusa, anunciada por Bolsonaro, em passar a faixa ao vencedor das eleições, além de revelar a paúra palaciana com o que vem por aí contra ele, não passa de mais uma de suas macaqueações ao seu guru, Donald Trump, que também bateu o pezinho antes de sair da Casa Branca.
E as falas intempestivas contra a CPI da Covid e as juras de que não sai de jeito nenhum da cadeira presidencial são reações comuns em tempos de escândalos, de ruas ocupadas, de quedas nas pesquisas e de processos de impeachment que não param de chegar…. cada vez mais fortes.
O próprio presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), relacionou o processo de impeachment ao desenrolar da CPI. Para ele é necessário materialidade para abrir o processo. “A CPI que está instalada vai ter o seu fluxo normal, se tiver o número de assinaturas de senadores será prorrogada, enfim. Vai seguir o seu curso. E aqui nós vamos esperar”, prosseguiu. “Não há impeachment, como eu disse, em cima de discursos. Há impeachment em cima de materialidade e disposição política, o que não se apresenta neste momento nem fora nem dentro do Congresso.”
A CPI contesta Lira e afirma que já há fartas materialidades em relação aos crimes de Bolsonaro e, por outro lado, as ruas cada vez mais lotadas, estão fazendo a sua parte em relação a outra pendência colocada por Lira para iniciar o processo.
Na época de Collor, quando alguns setores da vida brasileira se impressionaram com as dificuldades e com as bravatas e ameaças do então ocupante do Planalto, nós aqui no HP saímos com a seguinte manchete: “Berro de porco é medo do abate”. E, realmente, a análise do jornal mostrou-se correta, o “abate”, ou seja, o impeachment, veio algumas semanas depois.
As investigações conduzidas pela CPI da Covid, além de comprovarem a total responsabilidade do governo federal nas mais de 500 mil mortes, provocadas pela expansão descontrolada do vírus, fruto da sabotagem de Bolsonaro à compra de vacinas e de sua campanha sistemática e criminosa contra as medidas sanitárias de combate à pandemia, mostram também que o Ministério da Saúde de Bolsonaro virou um antro de corrupção.
As propinas milionárias que seriam depositadas, segundo os irmãos Miranda, em uma empresa de fachada com sede em paraíso fiscal só não se concretizaram graças à ação de um servidor sério que se recusou a assinar a autorização para a negociata.
Agora surge a informação bizarra de que o mesmo grupo de dirigentes do ministério que pressionava o referido servidor a assinar a importação fraudulenta da vacina indiana Covaxin – com propina de US$ 45 milhões – caiu no conto do vigário da Davati Medical Supply, arapuca de Austin, no Texas.
Eles pediram propina de US$ 1 por dose de 200 milhões de doses de um total de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca oferecidas oficialmente pela empresa.
A gana por propina era tamanha que o diretor de logística do ministério, Roberto Dias, o mesmo que ligava tarde da noite para o servidor Luis Ricardo Miranda tentando obrigá-lo a assinar o documento que autorizava a importação fraudulenta da Covaxin, foi com muita sede ao pote nas tratativas com a Davati Medical Supply e não percebeu que se tratava de mais um golpe que a empresa americana estava dando na praça.
O mais inusitado foi a maneira com que Jair Bolsonaro reagiu às duas denúncias de corrupção. A primeira, da Covaxin, foi levada a ele pelo próprio servidor que impediu a transação, e também seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), integrante da base governista. Bolsonaro demonstrou já saber de tudo. Não só do esquema do roubo, como chegou a citar até o nome do deputado Ricardo Barros, seu líder na Câmara, como operador da quadrilha.
Bolsonaro disse que mandaria o caso para a Policia Federal. Era mentira. Ele não só não mandou, como iniciou uma perseguição brutal aos irmãos Miranda. Sobre isso o presidente da CPI foi categórico: “Bolsonaro cometeu crime de prevaricação”. Na véspera do depoimento dos dois denunciantes à CPI da Covid, eles foram ameaçados publicamente pelo secretário-geral da Presidência. O deputado chegou a afirmar que “é um absurdo, ao invés de apurar, eles perseguem quem denuncia corrupção no governo”.
Sobre o segundo escândalo, envolvendo a Davati Meical Supply, a reação do governo foi a mesma. O representante comercial da empresa, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, relatou aos membros da CPI detalhes do jantar com o diretor de logística do Ministério da Saúde, onde foi pedida a propina de US$ 1 por cada dose da vacina, e a reação dos governistas foi tentar denegrir a imagem do denunciante e ameaçá-lo de todas as formas possíveis. O episódio revela que o esquema de corrupção instalado no Ministério da Saúde não se restringe ao grupo de Ricardo Barros.
O relato da intermediação feita por Flávio Bolsonaro, em outubro de 2020, para que o dono da empresa intermediária da vacina Covaxin, a Precisa, Francisco Maximiano, fosse recebido pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezan, com objetivo de obter financiamentos subsidiados para seus negócios, é revelador de que, além de Barros, a família Bolsonaro, que outrora só operava rachadinhas, agora também está envolvida nos esquemas mais gordos de propinas. Não é à toa que o líder do governo na Câmara está sendo blindado pelo Planalto.
SÉRGIO CRUZ
não será a CPI , STF ou as urnas que derrubarão bolsonaro, o genocida, e sim a covid19.
Este desgoverno foi pego com a mão na cumbuca e se deu mau