Somente três dias depois do início das chuvas, que mataram ao menos 20 pessoas no Rio de Janeiro, Bolsonaro visitou o município de Angra dos Reis. Ele não manifestou uma única palavra de solidariedade às famílias das vítimas que caíram no fim de semana. Segundo ele, o que ocorreu foi uma “catástrofe natural”.
As chuvas intensas que atingiram diversas cidades do Rio de Janeiro deixaram ao menos 20 mortos, sendo doze em Angra dos Reis e sete de Paraty. As duas cidades ficam na região da Costa Verde, a mais atingida por alagamentos e deslizamentos de terra. A outra vítima era morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, e morreu eletrocutado em uma via alagada. O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro ainda busca desaparecidos.
O estado do Rio vive um dos anos de maior preocupação e número de desastres em relação às chuvas. Em fevereiro, Petrópolis, na Região Serrana, foi duramente impactada por temporal que deixou mais de 230 mortos. O episódio foi reconhecido pela cidade como a maior tragédia de sua história.
Além de passear pelas áreas atingidas, Bolsonaro não se prestou a mais nada. Ele não anunciou nenhuma medida de investimento para solucionar os danos causados ou evitar que eles ocorram novamente.
Em suas redes sociais, Bolsonaro falou sobre o ocorrido, mas também não anunciou nenhuma medida efetiva.
“O Governo Federal, por meio do Ministério de Desenvolvimento Regional , segue apoiando o Rio de Janeiro, mais uma vez afetado por fortes chuvas nas últimas horas. O Secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, está em deslocamento para as regiões mais atingidas”, escreveu Bolsonaro no Twitter.
Ele ainda fez mais algumas demagogias.
Bolsonaro ainda desdenhou das chuvas no Rio e afirmou se tratar de “mais uma catástrofe natural”.
Para não reduzir a nada o que Bolsonaro falou nada diante da situação, ele prometeu celeridade na recuperação da rodovia Rio-Santos (BR-101), o que ainda não aconteceu.
O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, tem manifestado preocupação com o estado da rodovia Rio-Santos (BR-101) e cobrou medidas da concessionária CCR. Ele chegou a pedir o desligamento temporário das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, alegando que os bloqueios na estrada impossibilitam a implementação dos planos de emergência em um eventual acidente.
Na tarde de ontem (3), relatório da Defesa Civil Nacional apontava a existência de 23 pontos da BR-101 totalmente ou parcialmente interditados devido a quedas de árvores e deslizamentos de terra. Ao mesmo tempo, a Polícia Rodoviária Federal pediu, por meio das redes sociais, que motoristas não acessassem à rodovia BR-101 na região da Costa Verde, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro.
PROMESSA VAZIA EM PETRÓPOLIS
Assim como a celeridade da desobstrução da BR 101 não aconteceu, quando as chuvas atingiram fortemente Petrópolis, Bolsonaro prometeu uma Medida Provisória para levar recursos à cidade e ajudar na reconstrução de tudo que ficou destruído, o que também não aconteceu.
O governo federal disse, em 18 de fevereiro, que prepararia uma medida provisória para liberar mais 500 milhões de reais para cidades atingidas pelas chuvas. Até agora nada.
“Haverá uma nova medida provisória, provavelmente até segunda-feira (21), de mais 500 milhões. É mais de 1 bilhão de reais à disposição de Petrópolis e também dos demais estados da Federação que estão com problemas de catástrofe climática”, disse o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) na época, Ele se referia a recursos que foram liberados ainda em dezembro para atender cidades da Bahia e Minas Gerais também atingidas pela chuva.