“Agora a empresa está acéfala. Incompetência criminosa!”, aponta o parlamentar
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) denunciou a intenção do governo Bolsonaro de privatizar a Petrobrás ao tentar emplacar o mome do lobista das multinacionais, Adriano Pires, na presidência da estatal.
Na mesma hora, diversas entidades, entre elas a Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), mostraram que havia um evidente conflito de interesses entre os negócios privados de Pires e o interesse público da Petrobrás.
“O governo queria colocar as raposas para cuidarem do galinheiro. Aí as raposas acharam que ia dar muito na cara e atrair holofotes para os negócios. Resolveram voltar para a toca. Agora, o galinheiro está sem gerente”, afirmou o parlamentar.
O deputado chamou a atenção para o escândalo que é a Petrobrás ficar acéfala num momento grave como este. “Incompetência criminosa! É difícil de acreditar, mas a verdade é que a Petrobrás está Acéfala, sem presidente! Landim, indicado pelo governo ao Conselho, desistiu do cargo por medo das consequências jurídicas. Pires, que seria o novo presidente, avalia recusar. Surrealândia”, postou Orlando Silva.
A indicação de Adriano Pires por Jair Bolsonaro ocorreu em meio à crise provocada pela disparada dos preços dos combustíveis. Bolsonaro insiste em manter o atrelamento dos preços dos combustíveis vendidos no Brasil ao dólar e ao preço do barril de petróleo no mercado internacional. Essa insistência de Bolsonaro, que atende aos interesses de acionistas e importadores, está esfolando a população com preços abusivos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.
O evidente conflito de interesses entre a vida privada de Adriano Pires, intimamente ligada aos negócios das multinacionais do petróleo, e os interesses públicos da Petrobrás, levou o Ministério Público junto ao TCU a pedir a suspensão da indicação do lobista pelo menos até que ele tornasse pública a lista de clientes de sua consultoria. A desistência de Pires veio em seguida da desistência de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração da estatal.
Dois outros fatos agravaram a situação de Pires. O primeiro foi o fato de Adriano Pires ter transferido a sua empresa, que dá consultoria às concorrentes estrangeiras da Petrobrás, para o nome de seu filho. E a segunda foi a divulgação, pela Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS), de circular fazendo lobby pela indicação de Adriano Pires que, segundo a entidade empresarial, defende seus interesses.
“Adriano participou ativamente das discussões em prol da Lei 11.909/2009 – Lei do Gás e de sua Nova versão, a Lei no 14.134/2021 – Nova Lei do Gás”, diz a nota da entidade, deixando claro que há evidente conflito de interesses entre Adriano e seus negócios privados com o cargo de presidente da Petrobrás.
“Ele e toda a equipe do CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura, vêm contribuindo com estudos, relatórios, publicações e participação na grande mídia especializada, para a área de energia, a política nacional de combustíveis e o mercado de derivados de petróleo e gás natural”, prossegue o documento em defesa do nome de Pires.
“Em razão de sua história no mercado de energia, solicitamos, se possível, o apoio de V. Sas. e de pessoas próximas, com declarações positivas à indicação de seu nome à Presidência da PETROBRAS. Acreditamos fortemente que a indicação do Sr. Adriano Pires será positiva para o setor de distribuição de gás canalizado e para os demais elos da cadeia, visto a experiência no setor adquirida ao longo dos anos”, concluíram os empresários em seu lobby pela confirmação de Adriano Pires.