O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que Jair Bolsonaro vazou informações de um inquérito sigiloso e comprometeu a segurança do TSE, auxiliando “milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”.
Na abertura dos trabalhos do TSE no ano, Barroso contou que a Corte teve que tomar medidas para reforçar sua segurança cibernética depois que Jair Bolsonaro vazou um inquérito sigiloso que tratava de uma invasão aos sistemas do tribunal.
“Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Sempre lembrando que informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”.
Jair Bolsonaro “vazou a estrutura interna da TI [tecnologia da informação] do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”.
“Sobretudo em matéria de cibersegurança, o sigilo é imprescindível por motivos óbvios. Ninguém fornece informações que possam facilitar ataques, invasões e outros comportamentos delituosos”, continuou.
Em uma transmissão ao vivo feita em suas redes sociais, Jair Bolsonaro expôs um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre uma invasão hacker nos sistemas do TSE. Sua intenção era tentar desqualificar as urnas eletrônicas para justificar a volta para o voto impresso.
Agora, Jair Bolsonaro é investigado por ter vazado o inquérito sigiloso da Polícia Federal. Na sexta-feira (28), ele deveria ter prestado depoimento à PF, conforme agendado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No entanto, ele tentou fugir com recursos apresentados em cima da hora e se recusou a depor. Para a delegada da PF, Denisse Dias Ribeiro, responsável pelo inquérito sobre o vazamento, Jair Bolsonaro “teve atuação direta, voluntária e consciente no crime de vazamento”.
Pronunciamento de Luís Roberto Barroso: