Diante do completo descaso do governo Bolsonaro que investe diariamente na morte dos brasileiros sabotando a vacinação e estrangulando estados e municípios que lutam para impedir o avanço da doença, o Brasil registrou um novo recorde de mortes causadas pela Covid-19 com 1.972 óbitos pela doença em intervalo de 24 horas.
Segundo os dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) o total de mortes provocadas pelo novo coronavírus atinge 268.370 brasileiros.
Esta é a pior marca diária registrada desde o início da pandemia, superando o recorde da última quarta-feira, quando foram contabilizados 1.910 óbitos.
Ainda nesta terça-feira, foram identificados 70.764 novos casos da doença, elevando o total oficial para 11.122.429.
Os recordes foram impulsionados pelo aumento da contaminação no Sul e Sudeste. São Paulo registrou 517 mortes pela covid-19 nesta terça, número mais alto desde o começo da pandemia. Nessas regiões, o Rio Grande do Sul foi o segundo Estado com mais óbitos, com 275, seguido por Paraná (206), Santa Catarina (108) e Rio de Janeiro (95). Ceará e Bahia também tiveram números expressivos, com 108 e 103 óbitos respectivamente.
A média móvel de mortes ficou em 1.575, dado que representa a média dos últimos sete dias. Foram também 69.537 novos casos confirmados nas últimas 24 horas.
Nesse período mais duro da pandemia da Covid-19, Bolsonaro não perde a oportunidade de debochar das vítimas e de seus familiares, criticar as medidas de isolamento social e silenciar-se sobre a vacinação. Na última sexta-feira (5), o genocida determinou que seus apoiadores realizassem um “encontrão” e que até o final do ano “acabou o vírus”.
“Falei para esse ano ter o encontrão lá, não tem esse negócio de vírus, não. Até o final do ano acabou o vírus já, com toda certeza”, declarou o presidente a um grupo de apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada. As falas de Bolsonaro foram transmitidas por um site bolsonarista.
Dias antes, na terça-feira (2), Bolsonaro deu uma série de declarações dando a entender que o choro pelas vítimas é “frescura” e “mimimi” e classificando como “idiotas” aqueles que cobram na imprensa e nas redes sociais a compra de vacinas pelo governo.
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Mortes no Brasil ultrapassam as registrada nos EUA
O número de vítimas diárias no Brasil foi o maior do mundo nesta terça-feira, na comparação com dados divulgados até 20h. Dados da Universidade Johns Hopkins mostram que a média móvel diária de óbitos nos Estados Unidos caiu de 1.910 para 1.563 nos últimos 14 dias. A letalidade da doença nas cidades americanas historicamente liderava as estatísticas absolutas, com mais de 4 mil registros em um único dia, como chegou a acontecer em janeiro.
Com mais de 90 milhões de doses aplicadas e 18% da população imunizada com ao menos a primeira dose, os Estados Unidos têm visto os números caírem ao longo das últimas semanas. Nesta terça-feira, levantamento do jornal The Washington Post aponta 1.853 novas mortes nas últimas 24 horas. Nas contas do periódico americano, a média móvel está em 1.629 vítimas na última semana, a menor contagem desde o fim de novembro. No total, o país lidera as estatísticas de mortes, com 527,4 mil vítimas da doença.
Ao todo, mais de 117,4 milhões de pessoas já contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e 2,6 milhões de pacientes morreram.
Colapso da Saúde
O Brasil vive um novo momento de aceleração da doença, com registro de colapso da rede de saúde pública em quase todos os estados. No total, 25 das 27 capitais do País apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 iguais ou superiores a 80%. A situação é mais grave em 16 capitais, entre elas Brasília e Rio de Janeiro, onde os percentuais ultrapassam os 90%.
As informações são do Observatório Fiocruz Covid-19, divulgado no fim da tarde desta terça-feira (9).
O boletim aponta que 25 das 27 capitais brasileiras estão com a taxa de ocupação no patamar considerado zona de alerta crítico, com mais de 80% dos leitos ocupados. Na maior parte dessas cidades, a ocupação passou dos 90%. Belém e Maceió, apesar de estarem na zona de alerta intermediário, apresentam ocupação de UTIs acima de 70%.
Estavam na zona de alerta crítico segundo dados coletados em 8 de março: Porto Velho (100%), Rio Branco (99%), Manaus (87%), Boa Vista (80%), Macapá (90%), Palmas (95%), São Luís (94%), Teresina (98%), Fortaleza (96%), Natal (96%), João Pessoa (87%), Recife (85%), Aracajú (86%), Salvador (85%), Belo Horizonte (85%), Vitória (80%), Rio de Janeiro (93%), São Paulo (82%), Curitiba (96%), Florianópolis (97%), Porto Alegre (102%), Campo Grande (106%), Cuiabá (96%), Goiânia (98%) e Brasília (97%).
Quando a análise se concentra nas unidades federativas, 20 estão com a ocupação de UTIs acima de 80%, sendo 13 delas com mais de 90% das vagas preenchidas por pacientes graves de Covid-19. A ocupação é maior em Rondônia, Acre, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
Os pesquisadores avaliam que o quadro atual aponta para a sobrecarga e o colapso de sistemas de saúde e reforçam que é necessário ampliar e fortalecer as medidas de prevenção à transmissão da doença, com distanciamento físico e social, uso de máscaras e higienização de mãos.
“Nos municípios e estados que já se encontram próximos ou em situação de colapso, a análise destaca a necessidade de adoção de medidas de supressão mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais. Além disso, é necessário o reforço da atenção primária e das ações de vigilância, que incluem a testagem oportuna de casos suspeitos e seus contatos”, afirma a Fiocruz.
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