“Precisamos de mais vacinas”, disse o governador de São Paulo ao cobrar celeridade do governo federal para a compra de novos imunizantes
A carga de 5,4 mil litros do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) vinda da China chegou ao Brasil na noite desta quarta-feira (23). O insumo permitirá que o Instituto Butantan produza 8,6 milhões de doses da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a Sinovac.
A carga chegou em voo que pousou no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, no interior paulista. A chegada foi acompanhada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pelo diretor do Butantan, Dimas Covas, e pelo secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn.
Pelo Twitter, Doria celebrou o desembarque da carga. “Estamos no aeroporto de Viracopos, em Campinas, para receber o maior lote da Vacina do Butantan até o momento. A carga com 5,4 mil litros de insumos, capazes de produzir 8,6 milhões de doses da vacina do Butantan, desembarcou há pouco. Mais um importante passo para salvar vidas”, escreveu.
Para o dia 10 está prevista a chegada de outros 5,6 mil litros de insumos, para produzir mais 8,7 milhões de doses. Com essas duas cargas, o Butantan estima que a produção chegue a 600 mil doses diárias entre os dias 25 de fevereiro e 15 de março.
As doses previstas para produção com os insumos que chegam nos dias 3 e 10 deste mês somam, portanto, 17,3 milhões, que serão entregues em março. Junto às 10,1 milhões de doses já em circulação, somam 27,4 milhões as doses de CoronaVac, entre produzidas e a produzir.
O estado de São Paulo solicitou a liberação de outros 8 mil litros de insumos e aguarda a resposta do governo chinês. O objetivo é disponibilizar ao Brasil as 46 milhões de doses da CoronaVac que já foram contratadas com o Sinovac até o mês de abril.
Butantan está sustentando a vacinação no Brasil
Doria cobrou o governo federal para que se acelere a aquisição de vacinas pela União e afirmou que “a vacina do Instituto Butantan sustenta a vacinação no Brasil até agora”.
“A vacinação em São Paulo segue de forma acelerada, com a vacina do Butantan. O que falta? Mais vacinas. Nós precisamos que o governo federal forneça mais vacinas. Um gesto de grandeza do governo da Índia, que cedeu 2 milhões de doses. O governo federal errou, e errou feio, ao escolher uma vacina. Hoje, o que sustenta o programa nacional é a vacina do Butantan, que chegou a ser proibida pelo presidente Jair Bolsonaro. Esse é o enfrentamento, precisamos de mais vacinas”, disse Doria em entrevista ao portal UOL na terça-feira.
Doria denunciou a “sabotagem” orquestrada por Bolsonaro ao resistir em aceitar a CoronaVac , ao interferir na decisão da Anvisa de aprovar o imunizante. O governador ainda criticou as tentativas de desqualificar a China. “Primeiro a pressão que ele (Jair Bolsonaro) fez sobre a Anvisa. Aquilo foi fruto da pressão direta de Bolsonaro à Anvisa. A Anvisa é uma instituição séria. Depois corrigiram o roubo e aprovaram a vacina. Ali foi uma interferência direta de Bolsonaro”, afirmou.
O governador de São Paulo definiu o governo Bolsonaro como “uma sucessão de erros”. “Erro em tudo. É um governo que erra em tudo, e quem está pagando somos nós. Muitas vidas teriam sido preservadas se o governo não fosse tão negacionista”, completou Doria.
Questionado se Bolsonaro pode ser considerado um genocida, Doria afirmou que o presidente “está caminhando para ser classificado assim, não por mim, mas pela ciência e tribunais internacionais”, e negou que tenha politizado a questão da vacina. “Não fiz jogo nem política. Eu defendi a vacina. Quem politizou foi Jair Bolsonaro que além de fraco, é negacionista.