Pelo menos cinco deputados federais deverão abandonar o PL com a entrada de Jair Bolsonaro no partido.
Os parlamentares criticam a omissão de Jair Bolsonaro no combate à pandemia e têm alianças com governadores de progressistas em seus Estados.
A lista, organizada pelo portal Poder360, inclui o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), que é favorável ao impeachment de Bolsonaro, e os deputados Júnior Mano (CE), Fabio Abreu (PI), Sergio Toledo (AL) e Cristiano Vale (PA).
Marcelo Ramos já participou de manifestações de rua pelo impeachment de Jair Bolsonaro e disse que a negociação do PL para a entrada de Jair Bolsonaro é puramente eleitoreira.
“Não tenho dúvida que um presidente da República é muito mais importante para um partido do que um deputado federal, mas também não tenho dúvida que o futuro de um país é muito mais importante do que o projeto eleitoral de um partido”, declarou o deputado. “Não estarei no mesmo palanque de Bolsonaro”, já havia dito antes o vice-presidente da Câmara.
Ele falou também que não tinha como negar que a presença de Bolsonaro no PL é “absolutamente incômoda”.
O deputado Fabio Abreu tem aliança com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e falou que o acordo inicial, que dava liberdade aos diretórios estaduais para apoiarem quem quisessem, era o que garantia sua permanência no PL. Abreu já foi secretário do governo petista.
“Nossa permanência no partido depende desse acordo. Não tem nada concreto sobre o presidente Bolsonaro. Mas em qualquer caso, o partido mantém os diretórios livres”.
Esse acordo, entretanto, foi desfeito. Quando o PL anunciou que estava suspensa a filiação de Jair Bolsonaro o motivo foi justamente que ele queria mandar nos diretórios estaduais e indicar os candidatos de 2022.
Bolsonaro anunciou que foi acertado que não haverá qualquer coligação com partidos de esquerda nesses Estados. “Isso está definitivamente acertado entre mim e o Valdemar [da Costa Neto, presidente do PL]”.
Valdemar da Costa Neto teve que reunir os dirigentes estaduais para conversar sobre um novo acordo. Neto saiu da reunião com “carta branca” para negociar com Jair Bolsonaro e decidir sobre os Estados.
O deputado Junior Mano, do Ceará, é próximo dos irmãos e ex-governadores, Ciro e Cid Gomes (PDT).
No caso do deputado Cristiano Vale, do Pará, ele também tinha esperança de que teria liberdade para continuar apoiando o governador Helder Barbalho (MDB), que é opositor de Bolsonaro.
Outra liderança que já anunciou que sairá do PL é o presidente da legenda em Alagoas, Maurício Quintella. Ele, que foi ministro dos Transportes do governo Temer, anunciou que “se Bolsonaro vier, não fico”.