O ex-candidato à presidência e vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, participou nesta sexta-feira (12) de entrevista à rádio Jovem Pan. Ciro falou sobre a atual conjuntura e ressaltou o total descaso de Bolsonaro no combate à pandemia no país.
“Temos um vírus que, com as novas variantes, se agrava na velocidade de contaminação. É urgente fazer uma aposta central na vacinação, única saída para essa pandemia. Mas o que faz o canalha que nos governa? Ainda em agosto, a Phizer ofereceu 70 milhões de doses para chegar em dezembro no Brasil. Eles não responderam”, afirmou.
“Não há nenhum tratamento precoce para o vírus. Bolsonaro é um genocida porque prescreveu remédio, comprou um estoque de cloroquina por um preço seis vezes maior, recomendou ivermectina, com caixinha na mão. Não existe tratamento precoce, isso é ciência. É um vírus letal, que pode causar até mesmo sequelas e danos que ainda não se conhecem bem”, argumentou.
E, junto a isso, destacou Ciro: “a saída é estancar a contaminação com o isolamento. O que deveria ser feito era a testagem em massa para guiar o isolamento, e guiar aqueles que não podem ficar em isolamento, os agentes de segurança, profissionais da saúde, mercados. Mas, o que faz Bolsonaro? Troca o ministro, coloca um general palerma, irresponsável, que não entende nada de coisa nenhuma, e não testamos”.
Ciro relatou também o desmonte da indústria nacional de produção de insumos para vacina, que deixou o Brasil dependente da importação. “E não só isso, mas Bolsonaro insulta e agride os fornecedores globais da vacina. Passamos para o último lugar e daqui a uma semana acaba a vacina no Brasil”, alertou.
“Sabemos que o isolamento traz consequências para a economia, mas o que deve ser feito é uma política de socorro da economia, incrementando o investimento público. “O Banco Central entregou 1 trilhão de reais para o setor financeiro, sem nenhum regulamento, a pretexto de expandir o crédito. Não foi expandido o crédito e o juro subiu”.
“O governo inventou de fazer um orçamento de guerra que entrega a conta gotas só o essencial para o enfrentamento da pandemia. Nosso povo morreu sufocado em Manaus por falta de oxigênio”, afirmou.
PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
Durante a entrevista, Ciro Gomes também respondeu questionamento sobre os altos preços dos combustíveis, e afirmou que a causa dessa situação é a política devastadora de Bolsonaro na Petrobrás de dolarização dos preços.
“A Petrobrás resolveu, do Michel Temer para cá, cobrar o barril de petróleo pelo preço de oportunidade especulativo estrangeiro e não peço custo da produção. Se eu vou produzir um sanduíche, eu compro o pão, o queijo, a mortadela e eu tenho que esquentar no fogo. Quanto custa isso tudo? Eu faço o preço disso, coloco 10% em cima que é meu lucro, que é o leite das crianças e vendo. A Petrobrás não faz assim”, enfatizou.
“Custa 30 dólares para a Petrobrás produzir um barril, e ela cobra pelo preço que está se especulando lá fora. Então, nesse momento tem uma alta do preço do barril lá fora, pela especulação. O Trump manda matar um general iraniano e o preço do barril vai para 130 dólares. E a Petrobrás, que tem um custo de 30 dólares para produzir cobra do brasileiro 130 dólares. Esses 100 dólares de diferença a Petrobrás distribui como lucros e dividendos aos acionistas minoritários, ou seja bancos, sem tributos. Isso tem que ser corrigido”, ressaltou.
“A segunda razão dessa situação é que Bolsonaro está com quase 40% da capacidade de refino parada. Duque de Caxias está com 30% parada. Como o Brasil está parado na produção, Bolsonaro decidiu importar dos EUA o óleo diesel, a gasolina, o querosene de aviação e o gás de cozinha, dolarizando o preço dos combustíveis”, completou.
Veja abaixo a íntegra da entrevista:
BANCO CENTRAL “AUTÔNOMO” VAI NA CONTRAMÃO DO MUNDO
Também na quarta-feira (10), em debate organizado pela Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Anfip), Ciro Gomes denunciou a privatização da autoridade monetária do Brasil com aprovação do Projeto de Lei Complementar que institui a chamada “autonomia” do Banco Central.
Com a pandemia, “o banco central no mundo inteiro passará a ter um papel de cofinanciamento, isso tem a ver com responsabilidade, não tem a ver com farra nenhuma, nem com político se meter, que é a propaganda que eles fazem. É o cofinanciamento que eles fazem, por exemplo, administrando emissão monetária. Os americanos expandiram sua base monetária recentemente em 70% e a inflação é zero efeito, não estou defendendo isso para o Brasil, mas é abrir mão dessa ferramenta…”.
“O governo Bolsonaro fez o Banco Central tirar do seu caixa R$ 1 trilhão e passou para o sistema financeiro brasileiro sem regulação na crença de que com isso expandiria o crédito e diminuiria a taxa de juros. O crédito nesta data está raríssimo e nós estamos quebrando as empresas brasileiras porque elas perderam o faturamento e não tivemos como acessar o crédito que o governo anuncia por cima da mesa que foi feito. Só os grandões fizeram e sabem o que fizeram com o dinheiro? Empossaram no seu caixa para aplicar na taxa de juros que o governo está pagando acima da Selic, isso é o Banco Central autônomo. Eles querem garantir que o próximo presidente não corrija essa bandalheira”, denunciou.