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O candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), chamou de “latrocínio coletivo” a medida do governo Bolsonaro que permite que os bancos cobrem 79% de juros ao ano em empréstimos consignados que usam o Auxílio Brasil, descontando até 60% do benefício.
Os bancos já estão realizando pré-cadastros para esse tipo de empréstimo, que foi aprovado no Congresso Nacional e está prestes a ser sancionado por Bolsonaro.
O ex-governador Ciro Gomes afirmou que esse “é um dos maiores crimes já cometidos contra os pobres deste país. Não há palavra que possa descrever essa crueldade. Estamos deixando criar uma nova forma de escravidão. O Brasil não pode assistir calado tamanha selvageria!”.
“O código penal chama de latrocínio o ato de matar para roubar. O governo Bolsonaro acaba de criar o latrocínio coletivo ao permitir que os bancos confisquem o Auxílio Emergencial sob forma de empréstimo consignado com juros de 79%”, continuou.
O projeto permite que os bancos se apropriem de até R$ 240 do pagamento do Auxílio Brasil, que será, entre agosto e dezembro, de R$ 600.
Quando o valor do Auxílio cair para R$ 400, em janeiro de 2023, os R$ 240 representarão 60% da renda do benefício.
Uma beneficiária do Auxílio Brasil chamada Amanda Prado, ouvida pela Folha de S.Paulo, realizou seu pré-cadastro no Banco Pan para receber um empréstimo de R$ 2.056, que serão usados para comprar roupas para os filhos e utensílios para a casa. Ela deverá pagar, no prazo de 24 meses, parcelas de R$ 160, que serão descontadas automaticamente do Auxílio Brasil. Isso significa um juro de 4,99% ao mês e 79% ao ano.
A economista Ione Amorim, coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), afirmou que “ao mesmo tempo em que o governo concede o benefício, ele transfere para o setor bancário 40% desse valor. Então essas famílias vão continuar em uma situação de vulnerabilidade”.
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), se preocupa com a possibilidade de uma família perder o direito ao Auxílio Brasil, mas permanecer com a dívida.
“O crédito consignado, em vez de benefício, pode ser um grande vilão nessa história. Pode levar [essas famílias] a uma situação muito pior do que já estão. Um benefício de sobrevivência jamais pode ter qualquer valor sendo descontado”, declarou Domingos.