Luciana Santos falou das diversas gerações de revolucionários que trouxeram o partido até aqui. “Eles e elas estão vivos no coração do povo. São para nós motivo de orgulho”, disse a presidente nacional do PCdoB
O Comitê Central do PCdoB reuniu-se excepcionalmente nesta sexta-feira (25) em Niterói, na abertura das comemorações do centenário do partido. A reunião simbólica, realizada na mesma cidade onde há 100 anos um grupo de revolucionários fundou o partido, contou ainda com a participação remota de vários dirigentes do partido de várias regiões do país, que não puderam comparecer por razões relacionadas à pandemia.
JANDIRA É A ANFITRIÃ
Depois da mensagem do compositor Jorge Mautner, que tocou a “Internacional” ao som solo de seu violino, Walter Sorrentino, um dos vice-presidentes do partido compôs a mesa com a presidente Luciana Santos, e os demais vice-presidentes da legenda, a deputada Jandira Feghali, o jornalista Carlos Lopes e a ex-deputada Manuela D´Ávila. Também foi chamado o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros.
Em seguida foi executado o Hino Nacional Brasileiro, com a cantora Laura Seles, acompanhada dos músicos do “Sexteto da Grota”, Jorge Gerônimo e Leandro Justino ao violino, na viola, Ibson Gouveia, no violoncelo, Raquel Terra e no contrabaixo, Carlos Alberto Azevedo.
LUCIANA APRESENTOU AS TAREFAS ATUAIS
A presidente nacional do PCdoB, a ex-deputada e Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, fez um histórico das lutas do partido desde a sua fundação, citou as contribuições de cada geração de revolucionários que contribuiu para as lutas do povo brasileiro e apontou os grandes desafios da atualidade.
“Eles e elas estão vivos no coração do povo. São para nós motivo de orgulho”, disse Luciana. No histórico apresentado pela presidente, ela destacou a importância das unificações com a AP e com o PPL.
CAMINHO NIEMEYER RECEBE O FESTIVAL VERMELHO
Luciana destacou que a luta pela derrota do fascismo no Brasil, representado pelo governo Bolsonaro, é hoje a luta central de todos os democratas do país e exige a formação de uma ampla frente política. Luciana avaliou que o Brasil vive uma grave crise provocada pela política ultraliberal do atual governo e defendeu um conjunto de medidas que viabilizem a reconstrução nacional com base nos investimentos públicos, na valorização do trabalho na ampliação do mercado interno.
RECONSTRUIR O BRASIL
Ela apontou a necessidade de um novo projeto nacional de desenvolvimento autônomo e citou a plataforma emergencial de reconstrução nacional, elaborada pelo PCdoB, como um instrumento que, se colocado em prática, poderá apontar para um novo ciclo de prosperidade. Ela disse ainda que o partido deverá anunciar nas próximas horas o seu apoio à candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá comparecer ao evento no sábado.
Após a fala da presidente, a escritora Cida Pedrosa, ganhadora do Prêmio Jabuti, apresentou um trecho de sua obra Araras Vermelhas, alusiva à Guerrilha do Araguaia. Em seguida usou da palavra o ex-presidente do PCdoB, Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois.
“Não é qualquer organização que comemora seu centenário e que se transforma numa instituição política da sociedade. Não pode compreender a história do PCdoB sem compreender a história do Brasil, mas também não se pode entender a história brasileira sem levar em conta a ação dos comunistas”, disse Renato.
Sorrentino lembrou que o papel do PCdoB é “conscientizar as pessoas e representar seus anseios, defender seus direitos da forma mais profunda e mais cotidiana possível”. Ele ressaltou a importância da unidade nas fileiras do partido que, segundo ele, “foi o que trouxe o partido até aqui”.
REVOLUCIONÁRIOS DE 22 QUERIAM UMA NAÇÃO LIVRE E PRÓSPERA
O jornalista Carlos Lopes se perguntou o que aqueles companheiros tinham pela frente quando, há 100 anos, se reuniram em Niterói para fundar o Partido Comunista do Brasil.
“Tinham os ideais do socialismo e do comunismo, afinal a revolução russa tinha sido em 1917, mas havia outra coisa. Havia a elaboração de um projeto de país, um projeto de Brasil. Porque na verdade o ser humano se relaciona com a Humanidade a partir das nações”, afirmou.
“Pela simples razão”, disse ele, “de que os seres humanos estão organizados em nações e povos. Não é de outra forma que as coisas ocorrem”. “É por esta razão que revolução brasileira, desde aquela época, implica em tarefas nacionais e democráticas, tarefas anti-imperialistas, tarefas de ruptura com a dependência do país em relação às matrizes imperialistas que ainda não foram inteiramente resolvidas”, observou.
UNIDADE CONTRA O FASCISMO
Manuela defendeu uma ampla unidade para derrotar o fascismo. O papel do PCdoB é lutar para que os jovens possam voltar a trabalhar em setores industriais e deixem de ser assassinados nas periferias, é lutar para que as mães possam trabalhar e ter onde deixar seus filhos. O PCdoB tem que estar a altura do que exige o nosso povo”, apontou a dirigente do partido.
A deputada Jandira Feghali, do Rio de Janeiro, anfitriã do encontro, comemorou o sucesso das comemorações do centenário do PCdoB. Ela lembrou que nos 40 anos de sua militância ela descobriu que ela é a militante com mais mandatos parlamentares dos últimos 100 anos. “O fato de ser uma mulher com mais número de mandatos no parlamento brasileiro diz algo sobre o nosso partido”, disse ela.
O deputado Renildo Calheiros saudou a bancada e disse que sente um orgulho muito grande de liderar essa bancada de luta. Ele disse que o partido precisa ser ainda mais forte, mais influente “para cumprir o seu papel histórico de ajudar na construção do socialismo no Brasil”.
HOMENAGEM A SERGIO RUBENS
Ao final foi feita uma homenagem ao dirigente Sérgio Rubens, que nos deixou recentemente. Foi passado um vídeo mostrando sua trajetória política e seu papel destacado na direção do PCdoB. Márcio Cabrera, membro da Executiva Nacional do partido, fez uma saudação a Sérgio Rubens e reforçou que ele, Sérgio e Luciana, foram os grandes artífices da unificação do PPL com o PCdoB.