As retiradas de 2022 são mais que o dobro da retirada de 2015, a pior até então. As famílias atoladas em dívidas, renda achatada e carestia recorreram à poupança
A movimentação da poupança em 2022 resultou numa retirada líquida de R$ 103,237 bilhões, ou seja, foram depositados R$ 3,632 trilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 3,735 trilhões. Foi o pior resultado da história, mais que o dobro da retirada registrada em todo ano de 2015 (-R$ 53,567 bilhões), até então o pior resultado anual da série histórica desde 1995.
Os dados foram divulgados na quinta-feira (5) pelo Banco Central (BC).
Mesmo com os rendimentos pagos de R$ 71,582 bilhões, o saldo total da caderneta de poupança somou R$ 998,943 bilhões no fim do ano, contra R$ 1,031 trilhão no ano anterior. Uma redução de R$ 32 bilhões.
Com queda na renda média mensal, que no final de 2021 ficou nos raquíticos R$ 1.353, conforme pesquisa Rendimento de Todas as Fontes do IBGE, valor inferior ao que era registrado há nove anos, em 2012, de R$ 1.417 (atualizado a preços de 2021) e que não registra melhoras no ano passado.
Com as taxas de juros nas alturas drenando os ganhos da população, principalmente de baixa renda, para os cofres dos bancos. Somando-se à inflação, o achatamento dos salários e o aumento brutal da informalidade, não restou às famílias outra saída se não usar o dinheiro da poupança para fazer frente ao endividamento recorde e mesmo as contas do dia a dia.
Dezembro e maio foram os únicos meses positivos na poupança em 2022. Dezembro, como se sabe, no entanto, tem um volume de depósitos atípico em razão do 13º salário, com o esvaziamento desse volume maior no mês de janeiro.
Foi uma movimentação de depósitos e saques extraordinária. Para comparação, o saldo médio de todos os recursos da poupança fechou o ano nos R$ R$ 998,943 bilhões já citados.
Em 2021, o resultado da caderneta já havia sido negativo, com retiradas líquidas de R$ 35,497 bilhões, agora o quarto pior desempenho da história.