O maior complexo científico do Brasil, o Sirius, não ficará pronto até o fim de 2020, conforme previsto no prazo inicial, por conta do corte de verbas.
O prazo estimado agora para entrega de todas as 13 linhas de pesquisa previstas no Sirius deverá ficar para 2021, segundo o diretor do projeto Antônio José Roque da Silva, que é diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Roque da Silva explica que orçamento dotado pelo governo federal impede a conclusão no prazo inicial. Em junho, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) liberou para o projeto apenas R$ 75 milhões, ou 29,4% do total de R$ 255,1 milhões, previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2019.
“Se das 13 [linhas de pesquisa] vamos entregar sete, oito ou nove em 2020, tudo vai depender de como as coisas andem. À medida que os recursos forem liberados, conseguimos programar as outras linhas”, disse o diretor afirmando ainda que vai esperar até o final de setembro para ver quanto dos R$ 255,1 milhões irá receber.
Localizado na cidade de Campinas, em São Paulo, o Sirius é a mais complexa e moderna infraestrutura científica já construída no Brasil (com dinheiro totalmente público). Ele é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração que funciona como um grande microscópio, capaz de revelar a estrutura molecular, atômica e eletrônica dos mais diversos materiais. No Brasil, essa tecnologia só está disponível em equipamentos de 2ª geração, em funcionamento há 30 anos.
Com essa potente máquina, os cientistas brasileiros poderão realizar pesquisas em qualquer área do conhecimento, como energia, saúde e meio ambiente. No mundo, existe apenas um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron operando, o MAX-IV, situado na Suécia.
Iniciada a discussão do projeto em 2003, as obras das edificações para a nova fonte de luz começaram em 2014. O terreno onde está instalado foi desapropriado pelo governo do estado de São Paulo e cedido ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Os recursos para a construção e funcionamento são fornecidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Desde 2012, a dotação orçamentária destinada para o projeto foi de R$ 1,472 bilhão e, deste, R$ 1,249 bilhão foram de fato pagos, segundos informações obtidas pelo G1, via Lei de Acesso à Informação (LAI).
No início deste mês, ao anunciar o remanejamento de R$ 82 milhões do orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o ministro de C&T, Marcos Pontes, declarou que umas das possibilidades de recursos adicionais da pasta para pagamentos de bolsas do CNPq poderia ser remanejar verba inicialmente prevista para o Sirius. Na quarta-feira (11), o ministro, segundo o G1, negou que haverá “remanejamento de recursos das entidades vinculadas para pagamento de bolsas”.