O presidente chinês Xi Jiping anunciou na abertura do Foro de Cooperação China-África que Pequim concederá mais US$ 60 bilhões em financiamento e ajuda e reiterou aos chefes de Estado de mais de 50 países que esse intercâmbio “não vem atado a condições políticas”. “Os mais de 1,3 bilhão de chineses estão juntos com os mais de 1,2 bilhão de africanos na busca por um futuro compartilhado”, afirmou.
Em nome da União Africana, o presidente de turno Paul Kagame, líder de Ruanda, assinalou que “o compromisso da China com a África tem levado a uma profunda transformação internamente e também para a posição do nosso continente no mundo”,
Com apoio da China, tem ocorrido um grande investimento em infraestrutura no continente africano, com novas estradas, ferrovias, portos, telecomunicações, energia e parques industriais, com o intercâmbio comercial já chegando a US$ 170 bilhões ao ano.
Desde 2000, a China já concedeu US$ 136 bilhões em crédito em condições muito mais vantajosas do que as oferecidas por bancos norte-americanos e europeus ou pelo FMI. Conforme a consultoria McKinsey, 10 mil empresas chinesas operam na África.
A China tem advogado que é necessário acelerar a industrialização da África, como discutido em paralelo à última cúpula dos Brics. Assim, começa a mudar aquele modelo que existiu, em que em troca de commodities a China construía, com sua tecnologia e levando seus próprios trabalhadores, grandes obras. Agora, já se está incorporando a mão de obra africana, como aconteceu na moderna ferrovia que liga Djibuti a Adis Abeba.
A China também financiou a construção da sede da UA, em Adis Abeba, capital da Etiópia. No ano passado, o comércio bilateral aumentou 14%. Do total disponibilizado pela China na cúpula, serão US$ 20 bilhões em linhas de crédito e US$ 10 bilhões para um fundo especial de desenvolvimento. Outros US$ 15 bilhões destinam-se a ajuda e empréstimos sem juros. Os demais US$ 5 bilhões são para financiar importações [por parte da China] que não sejam recursos naturais. O que também corresponde às necessidades de Pequim, que está investindo em um ambicioso plano para dominar até 2025 a alta tecnologia e na chamada Iniciativa Estrada e Cinturão (a Nova Rota da Seda).
“O investimento da China na África não vem com condições políticas, nem interferimos na política interna dos países nem exigimos demandas que as pessoas achem difíceis de cumprir”, apontou Xi. “A cooperação da China com a África é claramente direcionada para os principais gargalos ao desenvolvimento. Os recursos da nossa cooperação não devem ser gastos em projetos supérfluos, mas nos lugares onde são mais importantes”.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, rebateu os desinteressados conselhos dos bancos e governos americanos e europeus sobre o “risco de se endividar” com a China, e rechaçou que esta “esteja instalando um neocolonialismo, como alguns querem nos fazer crer”. No entanto, ele assinalou que é importante superar o atual quadro em que frequentemente “a África exporta matérias primas à China, enquanto a China nos vende produtos acabados”. “Isto limita o potencial e a capacidade de produção da África, assim como a criação de empregos no continente”.