Depois do escândalo envolvendo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, que entregou o controle do Ministério para pastores evangélicos amigos de Jair Bolsonaro, 53% da população brasileira acreditam que a corrupção vai aumentar, aponta pesquisa Datafolha.
Ribeiro pediu demissão por ter sido flagrado em áudio dizendo que, por um “pedido especial de Jair Bolsonaro”, distribuía recursos para os municípios conforme mandavam os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que não têm cargo no governo.
A pesquisa Datafolha mostra que cresceu a quantidade de pessoas que acredita que a corrupção vai aumentar. Em dezembro de 2021, 36% das pessoas achavam isso.
Hoje, apenas 17% da população acreditam que a corrupção vai diminuir. Em dezembro, esse valor era de 30%.
A pesquisa foi realizada nos dias 22 e 23 de março, logo em seguida à divulgação dos áudios mostrando o esquema corrupto no Ministério da Educação. 2.556 pessoas foram ouvidas, em 181 cidades.
No áudio, Milton Ribeiro afirma que “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar. Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Os pastores Arilton e Gilmar pediam propina para que os prefeitos pudessem ter acesso ao ministro e aos recursos da Educação.
Três prefeitos relataram que os pastores evangélicos de Bolsonaro pediam R$ 15 mil para que o pedido de verba fosse protocolado no Ministério. Ailton Moura chegou a pedir um quilo de ouro (que vale mais de R$ 300 mil) para o prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga.
Como o pagamento não foi feito, a verba nunca chegou em Luís Domingues.
Outros prefeitos contaram que os pastores pediam que a propina fosse paga através da compra de bíblias feitas por suas igrejas, em uma tentativa de lavar o dinheiro assim que ele entrasse.