Um apagão que atingiu bairros de Teresina (PI) durou mais de 66 horas – dois dias e 18 horas, causando protestos pela cidade e prejuízos para a população e serviços públicos. O Hospital de Campanha Padre Pedro Balzi, montado para atender pacientes com Covid-19, teve que transferir pacientes para outro hospital.
A falta de energia ocorreu por volta das 20h do dia 31 de dezembro, após um temporal com fortes ventos e raios. Parte dos moradores passou o Réveillon no escuro. Foram 280 quedas de árvores e galhos na fiação, além de placas e objetos metálicos que foram lançados durante a ventania sobre a rede elétrica. Cerca de dez bairros ficaram sem luz.
Os moradores de Teresina só voltaram a ter luz em suas casas no final deste domingo (3). De acordo com a empresa Equatorial Energia, que desde outubro de 2018 assumiu a concessão de energia elétrica no estado, prometendo investimento de R$ 720 milhões, afirmou que a energia total foi restabelecida.
A distribuidora de energia justificou que “as ocorrências são aquelas cujo mesmo ponto de defeito na rede afeta o fornecimento a mais de um cliente”.
Nas redes sociais, moradores reclamaram que, depois de 36 horas sem luz, perderam todos os mantimentos da geladeira e que estavam sem ar condicionado ou ventiladores, o que tornava a situação ainda mais desconfortável no calor.
HOSPITAIS
O presidente da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, médico Gilberto Albuquerque, informou que foi obrigado a transferir dois pacientes com Covid-19 do hospital de campanha Padre Pedro Balzi, montado no Centro de Treinamento de Badminton, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), no bairro Ininga, zona Leste de Teresina.
Mesmo com gerador, os pacientes que precisaram de respiradores foram transferidos para o anexo do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), que atende pacientes com o novo coronavírus.
O hospital de campanha, onde havia cerca de 16 pacientes, ficou cerca de 15 horas sem luz. O fornecimento de energia foi interrompido após uma árvore atingir a rede elétrica da universidade. Parte da cobertura de uma das tendas montada no hospital também foi danificada.
No hospital de campanha foram gastos R$ 1,9 milhão para montar uma estrutura temporária com capacidade para atender simultaneamente até 86 pacientes. Os leitos são regulados e disponibilizados, exclusivamente, para usuários vindos de outros hospitais e UPAS de Teresina, em ambulâncias do SAMU e que se enquadrem em casos de baixa e média complexidade da Covid-19.
PROTESTOS
Moradores de bairros atingidos pela falta de energia em Teresina interditaram duas das principais avenidas da cidade durante protesto na noite do último sábado (2).
Os manifestantes atearam fogo em pedaços de madeira e bloquearam um dos sentidos da Avenida Duque de Caxias, importante via da cidade. Já na região norte da capital piauiense, os moradores fecharam uma das vias da Avenida Boa Esperança ateando fogo em pedaços de madeira e pneus. O trecho interditado fica próximo do Encontro dos Rios, ponto turístico da cidade.