Em sua live na noite de quinta-feira (29), Jair Bolsonaro ensaiou uma tímida recuará do apoio à cadente candidatura de Marcelo Crivella (Republicanos) no Rio de Janeiro. Ao pedir votos para seu aliado, Bolsonaro disse para os que não quiserem apoiar Crivella “ficarem tranquilos”.
Como também é de praxe em suas lives, Bolsonaro mentiu aos seus seguidores. Ele diz que foi deputado federal com Crivella. No entanto, a carreira política do atual prefeito começou em 2002 quando se elegeu senador pelo Rio de Janeiro, nunca foi deputado.
“E terminando agora, um nome que dá polêmica, né. Porque o Rio de Janeiro sempre é polêmico. Eu tô aqui com o Crivella, tá certo. Conheço ele há muito tempo. Foi deputado federal comigo. Depois foi ser senador [e] prefeito do Rio de Janeiro”, disse.
“Que não tenha muita polêmica, não. Se não quiser votar nele, fique tranquilo. Não vamos brigar entre nós por causa disso aí porque eu respeito os seus candidatos também”, emendou.
Na manhã desta sexta-feira (30), Crivella e Bolsonaro tomaram café da manhã juntos. No encontro, um vídeo de apoio à candidatura foi gravado.
Segundo a última pesquisa Ibope, Marcelo Crivella ocupa a segunda colocação na intenção de voto dos eleitores, com 13%. Ele está empatado com a candidata do PDT, Martha Rocha, que possui a mesma pontuação e é seguido pela candidata do PT, Benedita da Silva, com 10%.
O candidato do DEM, Eduardo Paes, lidera a disputa com 30% das intenções de voto.
Crivella é líder do quesito rejeição, onde está isolado com 56%.
Apesar de todo o Rio de Janeiro saber que Bolsonaro é Crivella, o apoio formal era uma cobrança antiga da campanha do bispo da Igreja Universal. Na avaliação do candidato, a declaração do presidente garantiria sua ida ao segundo turno das eleições.
NAÚFRAGOS
No entanto, não é possível considerar que Bolsonaro vá impulsionar a candidatura do rejeitado bispo e abrir uma chance de virada eleitoral. Nas principais capitais do país, os candidatos que se alinharam ao bolsonarismo estão com desempenhos abaixo das expectativas do chefe.
Em São Paulo, Celso Russomano liderava a disputa nas primeiras pesquisas eleitorais e viu sua candidatura derreter no decorrer da campanha. O candidato, que no primeiro debate garantiu que Bolsonaro pegou em sua mão e “pediu para ele cuidar de São Paulo”, tenta agora omitir o apoio do presidente, numa tentativa de impedir o naufrágio.
Nesta semana, os jingles da campanha e os materiais para TV foram modificados para ocultar o nome e as referências ao ocupante do Planalto.