Uma nova manifestação contra Bolsonaro ocupou a Avenida Paulista, durante a tarde deste domingo (12). Convocada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem pra Rua, o protesto “Fora Bolsonaro” contou com a participação de diversas forças políticas, além de pré-candidatos à presidência, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), o senador Alessandro Vieira (Cidadania) e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O caminhão de som principal concentrou a maior parte dos manifestantes próximo ao MASP. No palco, os organizadores ressaltaram a importância de reunir num único ato forças políticas de diferentes ideologias e diferentes programas políticos com um só objetivo: construir uma barreira às ameaças à democracia feitas por Bolsonaro.
No palco, os deputados federais Orlando Silva (PCdoB), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Marcelo Ramos (PR), a senadora Simone Tebet (MDB) e o senador José Aníbal (PSDB) unificaram o discurso por Fora Bolsonaro. O cantor Tico Santa Cruz também discursou no ato, que ocupou cerca de quatro quarteirões da principal avenida da capital paulista.
Também participou do protesto a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, afirmando que, apesar das críticas, e até ameaças sofridas na véspera por apoiar um ato com partidos com políticas divergentes, ressaltou que fez questão de ir às ruas “em defesa da democracia”. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, a Associação Nacional de Pós-graduandos e as centrais sindicais Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, Nova Central Sindical Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) também participaram do protesto.
Os manifestantes, usando máscaras e, em sua maioria, roupas brancas, carregavam faixas e cartazes pedindo “impeachment já”, “respeito à democracia”, “Bolsonaro traidor”, “Brasil, orgulho de novo, Fora Bolsonaro”. Alguns protestantes também seguravam a bandeira brasileira.
“Quem tem medo da verdade não respeita a democracia”
Em seu discurso, o governador João Doria ressaltou que “quem tem medo da verdade não respeita a democracia”.
“Parabéns a cada um de vocês. Cada um que teve a coragem de vir aqui hoje para a defesa do seu país, da sua nação, da sua pátria. Em defesa da verdade neste país”, disse Doria.
“Precisamos defender também a vacina. É ela que salva. Foi São Paulo que foi buscar a vacina. Ao invés de comprar cloroquina, São Paulo comprou vacina. Para salvar o Brasil. Não foi para salvar apenas os que vivem em São Paulo. Foi para salvar o Brasil. Hoje, mais de 96 milhões de brasileiros, como eu, têm a vacina do Butantan no braço. Viva a vacina. Vacina é vida. O que nosso país precisa é vacina no braço e comida no prato”, ressaltou o governador.
Doria ainda fez questão de denunciar a incompetência de Bolsonaro. “Temos um governo incompetente, incapaz e além de tudo, negacionista. Nós temos que abraçar esta população. Olhar pelos mais pobres, olhar pelos mais vulneráveis. Não é razoável um país ter um botijão de gás a R$ 130”.
“O que pode mudar o Brasil é a democracia. Seja o Impeachment do Bolsonaro, seja o voto direto, pela urna eletrônica em outubro de 2022 . Mas quem muda do Brasil são vocês. Vamos mudar outra vez”, convocou o governador paulista.
Hora de proteger a democracia
O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, esteve no ato em São Paulo e relembrou a época das Diretas Já. “Tem muita coisa diferente aqui hoje e a causa justifica. Vou lembrando aqui com muita emoção a nossa luta por redemocratizar o país, onde nós juntamos todo mundo para eleger Tancredo Neves no colégio eleitoral”.
Em seguida, o pedetista, que é pré-candidato à presidência da República, afirmou que “para proteger a democracia brasileira, nós temos que juntar todo mundo. Deixa eu dar um número: no Congresso brasileiro, onde se vota o texto do Impeachment, são 513 deputados. O quórum para votar o Impeachment são 305 deputados. Nós da oposição só temos 120 deputados. Portanto, é obvio que quem quer honestamente o impeachment para proteger a democracia brasileira precisa fazer o entendimento dos deputados da direita e do centro que sejam democratas”, frisou.
“Fazer acontecer o impeachment”
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do Movimento Brasil Livre (MBL), ex-apoiador de Bolsonaro, disse ao HP que o objetivo da manifestação é unir todos para “fazer acontecer o impeachment”. “É justamente essa intenção. A gente precisa do voto de todos, do centro, da direita, das esquerdas e a manifestação é justamente para criar o ambiente para que a gente consiga fazer acontecer na Câmara dos Deputados”.
Ele destacou que o MBL abriu mão de algumas pautas para ampliar a manifestação. “A discussão foi justamente ampliar o máximo possível a manifestação, para que fosse apenas Fora Bolsonaro, justamente para aglutinar forças de centro-esquerda, de esquerda, que também vão votar no impeachment na Câmara”.
“Quanto mais gente aglutinar nas forças pelo Impeachment do Bolsonaro, melhor”, defende Kataguiri.
Todo mundo aqui defende a democracia
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) foi ao protesto e exaltou a frente ampla construída para derrotar Bolsonaro.
“Está chegando muita gente bacana para participar desse momento, que é um momento diferente da política brasileira. Quando eu cheguei os jornalistas perguntaram: ‘Orlando, você já tinha participado de uma atividade com o MBL?’. Eu falei: ‘Eu não’. Mas eu nunca imaginei que o Brasil corria risco de ter um autoritário fascista na Presidência da República. Segunda coisa, eles disseram: ‘Mas veja, esse ato é de um jeito, aquele ato que você estava aqui semana passada é de outro’. Falei: ‘É assim que é’. Nós estamos aqui pelo direito à diversidade e pluralidade de todas as opiniões”, afirmou Orlando Silva.
“Estou muito feliz, de poder estar na Paulista, juntando gente nova, não importa se a minha opinião sobre economia, sobre privatização é diferente da opinião de quem está aqui. O que importa é que eu e todo mundo aqui defenda a democracia”, disse o deputado.
Vamos resgatar as pautas do povo
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) destacou que a manifestação deste domingo é um “passo de uma caminhada que só vai acabar com uma mudança de verdade no Brasil. Hoje é fora Bolsonaro, hoje é impeachment, mas, mais do que tudo, é resgatar as pautas do povo, que hoje os políticos que estão lá não respeitam mais”.
Para o senador, que é pré-candidato à presidência da República, “agora vamos saber de verdade quem está preocupado com o Brasil, ou quem está preocupado com seu nome, sua carreira, seu partido. O Brasil é maior do que qualquer partido, do que qualquer nome. É preciso fazer esse debate e unir aqueles que acreditam de verdade no Brasil, com um futuro fora desse projeto autoritário do Jair Bolsonaro”.
Ninguém aguenta mais Bolsonaro
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ressaltou que “todo poder emana do povo”.
“A primeira passeata que eu fui era estudante igual vocês, no Rio de Janeiro, das Diretas Já. Não tínhamos mais do que 100 pessoas. Havia do outro lado uma força, um braço repressivo, havia muita gente sendo fotografada, para saber quem eram esses moços, quem era essa gente que ousava dizer que o precisava de democracia”, lembrou o ex-ministro.
“Ninguém aguenta mais Bolsonaro, ninguém aguenta mais um poço sem fundo, rasos d’águas e principalmente sem coração”, destacou Mandetta.
O ex-ministro, que é médico, ainda disse que quando a Covid chegou no Brasil, ele falou para Bolsonaro: “Essa doença é grave, essa doença é contagiosa”.” Ele olha e diz: mas vai morrer quem tem que morrer. Ele olha e diz: essa doença não pode parar a economia”.
“Naquele momento as pessoas iam ser atendidas, no início, somente no Sírio-libanês, no Einstein, e eu perguntei: e quando chegar no povão? E quando chegar nos mais pobres? Na Brasilândia, em Paraisópolis, como é que vai ser? Quem é que vai lá, como é que se calcula o líder de uma nação, o que justifica a gente ser brasileiro, em primeiro lugar, é a proteção à vida. Quando você negligencia a vida nada mais se justifica e também esse seja o primeiro ponto no pedido de impeachment, a negligência à vida que Bolsonaro fez”, denunciou Mandetta.
“E é por isso que a gente está aqui, eu estou vendo bandeira de todas as cores aqui, pela democracia, pelo impeachment de Bolsonaro”, comemorou o ex-ministro.
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) comemorou a pluralidade do ato e a necessidade de unir a esquerda e a direita para derrotar Bolsonaro.
“Primeiro a minha alegria de ver as correntes ideológicas deixando suas diferenças de lado e se unindo em um ponto essencial para todos nós, a defesa da liberdade e da democracia. Isso pra mim é a cara da democracia e a cara do povo brasileiro. Somos diferentes, somos diversos, temos posicionamentos partidários e ideológicos diferentes. Mas tem algo que nos une que estava muito acima. Então ver bandeiras da Força Sindical, movimentos da esquerda e da direita gritando juntos ‘Fora Bolsonaro’, em defesa da democracia, isso me dá esperança de que nós temos condições de começar um caminho hoje para destituir um presidente da república insensível e incapaz de lidar com os reais problemas da população brasileira”, afirmou Simone.
O senador José Anibal (PSDB-SP) pediu para que os manifestantes se engajem em trazer mais pessoas para a luta contra Bolsonaro. “Eu queria pedir a cada um de vocês, que ao longo dessa semana, sensibilizasse outras pessoas, tudo e todas as forças, sem exceção, inclusive quem estava com ele e terminou de ser traído por ele. Aliás, ele é o grande traidor que o Brasil fez. Ele traiu a tudo e a todos. Nós não! Estamos chegando com a esperança, a esperança da mudança e essa esperança vai se realizar, porque nós não conseguimos aguentar mais 16 meses desse desastre que esse governo. É o impeachment ou a gente vai fazer ele renunciar”.
Momento é de unidade, de sabedoria, de grandeza
O deputado federal Marcelo Ramos (PR-AM) fez questão de lembrar as diferenças que tem com o MBL para reforçar que é preciso deixar essas desavenças de lado neste momento e construir uma grande frente contra Bolsonaro, em defesa da democracia.
“Sou Amazonas e no meu estado já tive profundas diferenças com o MBL. Eu já fui duramente atacado pelo MBL e é por isso que eu estou aqui, pelo direito do MBL me atacar, pelo direito de contraditar, pelo direito de disputar opinião. Somos uma democracia, é importante estar numa democracia que nos garanta discutir nossas opiniões sobre economia, sobre meio ambiente, sobre direitos humanos. Sem democracia nós não temos nada, com democracia nós vamos chegar a outubro de 2022 com condições de disputar o melhor projeto para o país, um projeto que enfrenta os desafios dos Brasil real. E os desafios desse Brasil real não está em impeachment de presidente do Supremo. Os desafios do Brasil real não estão em tentar fechar qualquer um dos outros poderes”.
“O desafio do Brasil real, do Brasil mais profundo, é o desafio de um país de 14,8 milhões de desempregados, de 19 milhões de brasileiros e brasileiras com fome, de 580 mil famílias brasileiras enlutadas pela irresponsabilidade de um presidente que negou a gravidade da doença e negou a importância da vacina. O Brasil mais profundo está preocupado com gás de cozinha a 130 reais no interior do Amazonas, com a gasolina a R$ 7,50, com o kg da carne a mais de 40 reais. É esse Brasil que precisa de respostas da nossa gente, é esse Brasil que precisa de grandeza da direita, da esquerda, do centro, porque a luta agora não é eleitoral, a luta agora é para garantir que nós tenhamos eleições”, destacou o deputado.
Marcelo Ramos ainda apontou que este “é o momento de unidade, de sabedoria, de grandeza. Conte comigo que para ser ponte no diálogo com aqueles que não estão aqui, porque os que não estão aqui precisam ser chamados para estar junto conosco. O próximo ato deve ser um ato de todos, um ato pelo fora Bolsonaro, um ato pela democracia, um ato pela vacina, um ato pelo direito dos brasileiros de trabalharem e de comerem. Fora Bolsonaro porque fora Bolsonaro é o que o Brasil precisa para retomar o caminho de prosperidade. Contem comigo nessa luta. Um grande abraço e isso está só começando”.
Disposição para a unidade
A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) também participou do ato e comemorou a pluralidade. “Eu estou vendo bandeira do Ciro, vendo bandeira do Brizola, vendo bandeira do PSDB, do MBL. Já vi até bandeira do PT aqui, viu. Que bom, que bom! A gente precisa da maioria ou não? Agora eu quero que vocês respondam para quem não veio porque não queria hostilidade… a gente vai construir esse projeto juntos ou não? Com todos os partidos”.
“Porque a gente sabe que estamos lutando pelo nosso direito à sobrevivência. Pelo nosso direito de continuar o que a gente está fazendo aqui hoje. Reivindicar aquilo que é justo para as pessoas”, ressaltou a deputada do PSOL.
“Eu estou vendo pessoas emocionadas, vendo pessoas sinceras, uma manifestação genuinamente indignada. E eu sei que estou muito feliz de estar aqui ao lado de vocês no dia de hoje. E quero que a gente faça esse exercício. Que vocês recebam outras pessoas de esquerda aqui como estão me recebendo hoje. E eu me comprometo a fazer tudo que tiver no meu alcance para que isso aconteça em reciprocidade. Vai acontecer!”, destacou Isa Pena.
A deputada do PSOL ainda convocou os presentes para uma nova manifestação. “Vai ter uma manifestação e a gente tem que cobrar para que ela tenha a mesma disposição de unidade que tivemos aqui hoje. Dia 02 de outubro eu quero ver vocês todos na rua. Pra cima dele, contra o povo ninguém pode! Viva a democracia, fora Bolsonaro”.
Bolsonaro precisa do poder, pois sabe que criou uma quadrilha.
Também presente na manifestação deste domingo, Joyce Hasselman (PSL-SP) criticou o “desespero” de Bolsonaro “para se manter no poder a qualquer custo, por meio até de um golpe”.
“É justamente por que ele precisa do poder, ele precisa do foro privilegiado, pois ele sabe que criou uma quadrilha. Ele, junto com seus filhos, montou uma quadrilha familiar e eles acabaram com aqueles sonhos que tivemos lá em 2018”. “A bandeira de combate a corrupção. A bandeira da liberdade econômica ele rasgou. De fazer nosso país rico, ele rasgou. Apenas enriqueceu os filhos comprando mansões”.
O presidente do partido Novo, João Amoedo, destacou a retomada das cores do Brasil para o movimento contra o Bolsonaro. “Esse é o Brasil do futuro, não é o Brasil do Bolsonaro. Chega de Bolsonaro. A gente quer as nossas cores de volta. O verde e amarelo é a cor do nosso Brasil. É a da nossa bandeira, não é de seita política não. Fora Bolsonaro, chega”.
“O Brasil que a gente quer, que a gente quer viver, que a gente quer deixar para nossos filhos e netos, é isso que está em jogo. O Brasil onde cada um possa dizer a sua opinião sem ser agredido, sem ter medo, o Brasil sem corrupção, sem rachadinha, rachadinha na cadeia. Um Brasil que as pessoas tenham o direito à vida e não como um assassino que é o Bolsonaro, que condenou milhares de brasileiros à morte. Não dá pra ter um incompetente irresponsável arruaceiro total na presidência da República. A gente está aqui junto numa pauta que eu tenho certeza que é a pauta de todos nós aqui, o fora Bolsonaro”, defendeu Amoedo.
A deputada federal Tabata Amaral (sem partido) chamou Bolsonaro de ‘miliciano’, e destacou que ele está “piorando tudo isso para ficar no poder, para proteger sua família”. Ela apontou que “não adianta nota de repúdio, não adianta cartinha assinada pelo ex-presidente, não adianta nada disso”.
“Para quem está aqui hoje, basta. Porque o nosso povo está sofrendo. Não tem como esperar um ano com reunião, com conchavo, com acordozinho, isso não vai acontecer. Nesse palanque nós temos sim adversários políticos, temos sim pessoas que no ano que vem vão estar em palanques diferentes, mas nós temos mais do que tudo isso: democratas. Pessoas sérias, comprometidas com o nosso país. Que sabem que já deu, já basta. Nós precisamos do impeachment, e sabe como é que a gente faz o impeachment? Desse jeito aqui. Colocando o povo na rua, unindo a esquerda à direita, com coragem de deixar as diferenças de lado. Só por um ano, só por um pouquinho. Para que a gente volte a discordar, para que a gente volte a sonhar com o país que a gente sonha, mas dentro da democracia. Sem essa corrupção toda, sem essa roubalheira, sem tudo isso que a gente tá vendo”.
“Nós precisamos continuar essa pressão. Isso daqui é só o começo. Esse impeachment já começou, porque todo impeachment começa nas ruas. E o Congresso ouve as ruas quer queira, quer não. Então, simbora, impeachment já, Fora Bolsonaro!”, pediu Tabata Amaral.
“Está cada vez mais perto de Bolsonaro sair”
Bruna Brelaz, presidente da UNE apontou que “está cada vez mais perto de Bolsonaro sair da Presidência da República”.
Para a líder estudantil, “a fome, o desemprego, o descaso que tem acontecido com a educação, os cortes de verbas nas universidades federais, nos colocam nas ruas para denunciar o genocídio que Bolsonaro está propondo ao povo brasileiro. E nós, democratas do Brasil, nos reunimos hoje, com a esperança de que a reviravolta está próxima, com a esperança de que é possível sim reunir os amplos setores da sociedade para derrubar aquele que não têm compromisso com nosso país, aquele que está destruindo a vida do povo brasileiro, que tem que pagar sete reais na gasolina, o povo brasileiro que não consegue completar o seu rancho do mês”.
“Este é o Brasil que a gente vive hoje. Enquanto isso, Bolsonaro foi às ruas para falar sobre pautas antidemocráticas, de pautas que não nos contemplam. Bolsonaro em nenhum momento falou da crise em que o Brasil vive, exatamente porque ele é o principal responsável por ela”, ressaltou a presidente da UNE.
O diretor da UMES, Lucca Gidra, destacou que a entidade “estará presente em toda e qualquer manifestação que tiver como pauta o Fora Bolsonaro. Nós lutamos em defesa da democracia e não temos medo da amplitude. O protesto foi convocado de forma ampla e aceitando outros partidos e movimentos sociais e achamos justo participar desta, assim como participamos de outras manifestações também”.
Segundo ele, “este ato é muito positivo, com muita gente de diferentes partidos e movimentos. Acho que foi muito importante para a nossa luta contra Bolsonaro. Principalmente por garantir que ampliemos as forças da democracia pela saída do presidente”.
Vamos construir as pontes necessárias pra ganhar as ruas do Brasil
A presidenta da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG), Flávia Calé, ressaltou a importância da participação no ato. “Nós vamos apoiar todos os atos que se realizarem no Brasil pelo impeachment e pelo Fora Bolsonaro”, disse.
Ela destacou a amplitude pela qual o movimento estudantil é formado. “Porque a UNE, a UBES e a ANPG, nós representamos todos os pós-graduandos, todos os estudantes de graduação e da educação básica, independentes de coloração ideológica”.
“A nossa opinião aqui, ela reflete não só um sinal e uma conversa com vocês que tão aqui hoje, mas também um sinal para quem não veio hoje, um sinal de que a gente precisa construir as pontes necessárias pra ganhar as ruas do Brasil, não com centenas, não com milhares, mas com milhões e milhões de brasileiros e brasileiras, pra defender a democracia, que está ameaçada no Brasil, o Bolsonaro tentou dar um golpe no 7 de setembro, ele não conseguiu”, ressaltou Flávia Calé.
20 milhões de famílias já não têm o que comer
O presidente da CTB, Adilson Araújo citou uma frase de Mahatma Gandhi, em que ele diz: “De nada adianta a liberdade, se não temos a liberdade de errar. E a verdade é que é humano errar, mas há muito nos dignifica a condição de acertar”, e continuou: “E eu penso que nada mais justo que todos nós possamos admitir a posição acertada que tomamos nesse dia, de unir o Brasil pelo Fora Bolsonaro”.
“Certamente não será um fuzil na mão a solução para quem já não encontra as condições para garantir um prato de feijão. São 20 milhões de famílias que já não têm o que comer, são 120 milhões de famílias diante de um quadro de insuficiência alimentar. O desemprego cresce, e é verdade que, à medida que a gente não apresenta um projeto voltado pra estimular uma perspectiva de retomada dos investimentos públicos e privados, não vamos encontrar o problema do flagelo social. Do desemprego que assusta meus filhos, que assusta os filhos de todos nós. Que poda a esperança e a expectativa de dias melhores”, afirmou Adilson.
O sindicalista ainda destacou que “Bolsonaro dividiu o Brasil, mas é verdade que todos aqueles que têm consciência do exercício do seu papel enquanto cidadão, sabem que nessa hora a divisão não nos levará a lugar algum. E podemos sim encontrar a equação para resolver os problemas que afligem o nosso povo. O problema do desemprego, o problema das queimadas, o problema da falta de perspectiva que faz o nosso povo agonizar”.
Ele ainda apontou onde acredita que o governo precisa investir mais. “Nós queremos atenção especial para o seguro social, para a despesa social. Nós queremos mais investimentos para a educação”, e destacou: “Com Bolsonaro não dá mais”.
Vacina no braço e comida no prato
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, considerou o ato importante para a unificação pelo impeachment e destacou: “temos muitas divergências, divergências que, talvez, daqui a pouco voltemos a ter, mas vai ser democraticamente, vai ser no campo das ideias. Temos sim que voltar a ter emprego no país, temos que ter um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com geração de emprego de qualidade nesse país”.
“Queremos vacina no braço e comida no prato. Queremos respeito às instituições, queremos respeito às famílias que estão passando por tantas dificuldades nessa pandemia. Por isso esse ato é muito importante. Muita gente perguntou, que unidade é essa? Essa é uma unidade verdadeira? Ou é a unidade só de um palanque? E eu respondi, não! Eu acredito que quem está na Paulista vai em outros atos também. Eu acredito que esse ato de hoje é aperitivo de um ato muito maior daqui uns dias, democrático e unido, para trazer toda a sociedade e lutar pelo Fora Bolsonaro”.
O bioantropólogo e professor da USP, Walter Neves, destacou que “estamos sendo governados por um facínora. Por um assassino, por um miliciano. Já está passando da hora de juntar todas as forças para pedir o impeachment já do presidente. Eu sei que esse ato aqui foi organizado por uma ala da direita, mas é uma ala da direita que também está bem descontente. Então eu acho que nós devíamos passar por cima dessas diferenças e fazer um grande ato juntando toda a esquerda e toda a direita descontente”.
Nossa pauta em comum é o Fora Bolsonaro
Voz ativa nas redes sociais contra o governo Bolsonaro, o cantor Tico Santa Cruz destacou que “as instituições no Brasil agora, principalmente as instituições democráticas, estão com um governo fundamentalista, negacionista, autoritário, corrupto, que é contra as vacinas, que tira do povo a liberdade para a gente poder recuperar o diálogo que é tão fundamental para a democracia”.
“Dentro de uma democracia, é necessário que existam pessoas de direita, pessoas de esquerda, pessoas de centro, pessoas que tenham pensamentos divergentes, mas que acima de tudo respeitem as pautas democráticas. Nós temos uma pauta em comum aqui hoje, que é o Fora Bolsonaro”, afirmou o cantor.
REPORTAGEM: JÚLIA CRUZ, PEDRO BIANCO, RODRIGO LUCAS, NATHANIEL BRAIA,
PRISCILA CASALE, TIAGO CÉSAR, ERNESTO ANDRADE E ANDRÉ SANTANA
Veja imagens e vídeos do ato: