“Eu conversei com o Eduardo Bolsonaro sobre as denúncias encaminhadas ao meu irmão e mandei para ele o contato, para que ficasse mais fácil de ele conversar”, disse o deputado ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL)
À CPI, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) apresentou gravações da tela do celular dele, com conversas entre ele e o irmão, relatando possíveis irregularidades no Ministério da Saúde para a aquisição da vacina Covaxin. Luis Ricardo também contou sobre pressões para assinar logo o contrato de compra.
A CPI da Covid-19 recebe, nesta sexta-feira (25), o deputado federal Luis Miranda e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde. Ambos prestam esclarecimentos sobre a denúncia de irregularidades na compra da Covaxin pelo governo federal. Luis Ricardo Miranda relatou pressões anormais dentro da pasta para importação do imunizante.
“Eu conversei com o Eduardo Bolsonaro sobre as denúncias encaminhadas ao meu irmão e mandei para ele o contato, para que ficasse mais fácil de ele conversar”, disse o deputado ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, questionou se o filho do presidente da República havia respondido ao pedido e o parlamentar negou.
Ao responder Renan, Luis Ricardo contou também que recebeu diversas ligações aos sábados do dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, para agilizar a compra dos imunizantes.
A CPI da Covid-19 no Senado, instalada em 27 de abril, investiga as ações, omissões e inações do governo federal relacionadas à gestão da pandemia do novo coronavírus que matou, até o momento, 511.032 brasileiros e brasileiras.
EMPRESA DE FACHADA
A cúpula da CPI avalia que a Madison Biotech seja empresa de fachada. A companhia teria sido usada para que se tentasse receber antecipadamente US$ 45 milhões da compra da vacina indiana.
O senador Humberto Costa (PT-PE) acredita que vai ser possível avançar em algumas questões em torno do caso. “Há muitas coisas que precisam ser esclarecidas e certamente não serão nem eles que vão esclarecer, mas eles vão poder trazer algumas luzes”, disse.
“Por que várias outras empresas que ofereceram vacinas tiveram que esperar seis meses, sete meses para que o governo assinasse o contrato e essa empresa precisou de menos de 90 dias?”, questionou.
“Por que é que o governo condicionou assinar contratos ao aprovo da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] a essas vacinas e, nesse caso, o contrato foi assinado sem que essa aprovação tivesse sido efetivamente acontecido?”, perguntou.
M. V.