A pesquisa mostra também que 54% dos brasileiros, ampla maioria, não aprovam a maneira como o presidente trabalha. O número é igual ao que foi registrado em junho de 2020, no auge da primeira onda da Covid-19. No cenário para as eleições presidenciais de 2022, a rejeição a Lula é superior à de Bolsonaro, 52% e 50%, respectivamente.
A avaliação do governo de Jair Bolsonaro chegou ao pior patamar desde que ele assumiu a Presidência da República, em janeiro de 2019. Do total de entrevistados, 54% desaprovam a maneira como o presidente trabalha. O número é igual ao que foi registrado em junho de 2020, no auge da primeira onda de Covid-19 no País. Outros 25% aprovam a gestão dele, e 20% nem aprovam ou desaprovam.
Na pesquisa anterior (9 de abril), os que rejeitavam o presidente da República eram 51,5% agora são 52%. Os que aprovavam eram 24%. A rejeição subiu na margem de erro e a aprovação manteve-se estável.
“A avaliação ruim do presidente é consequência de três fatores. O primeiro é a sensação de que o ritmo de vacinação ainda não decolou. Em segundo, a gente teve semanas com recordes em relação ao número de mortos em decorrência da Covid-19, e isso atrapalha a avaliação presidencial. Por último, a população não percebeu até agora um efeito positivo da nova rodada do auxílio emergencial”, diz Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto especializado em opinião pública.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO
Para 52% dos brasileiros, o governo Bolsonaro é ruim ou péssimo; 23% aprovam e 24% são indiferentes. Dos que aprovam, 41% são evangélicos. Este segmento é o esteio do governo.
“Temos percebido em toda a série histórica que o grupo dos evangélicos é a fortaleza do presidente Bolsonaro, com forte avaliação positiva. Certamente é um grupo essencial para sua reeleição. Por outro lado, Bolsonaro está com alta desaprovação no Sudeste, que chega a 58%. É uma região muito significativa porque concentra grande parte do eleitorado”, diz Moura.
ELEIÇÕES 2022: NEM BOLSONARO NEM LULA
Se a eleição fosse hoje, segundo a pesquisa, 50% dos brasileiros rejeitariam Bolsonaro. Para este percentual, o presidente não merece se reeleger. 39% o reconduziriam à PR; e 11% não sabem.
Pela pesquisa, Lula tem rejeição ainda maior: 52% avaliam que ele não merece voltar a ser presidente. 41% acham que merece; e 7% não sabem.
A eleição está polarizada entre Lula e Bolsonaro. Grosso modo, 50% rejeitam ambos e os outros 50% se dividem entre ambos. Os eleitores votam num ou noutro como rejeição ao adversário.
PESQUISA ESTIMULADA
Se a eleição fosse hoje, no 1º cenário da pesquisa, Lula teria 33%; Bolsonaro 32%; Ciro Gomes 9%; Huck 6%; Doria 4%; e Amoêdo 3%.
No 2º cenário, Lula teria 31%; Bolsonaro 30%; Ciro Gomes 8%; Sérgio Moro 7%; Huck 6%; e Eduardo Leite 3%. No 3º cenário, Lula e Bolsonaro empatam, respectivamente, com 30%.
O cenário no 1º turno é uma confusão: Lula e Bolsonaro estão empatados com 30% e todos os demais candidatos juntos têm 32%.
“No 1º turno, gostaria de destacar uma vantagem numérica do ex-presidente Lula. É a primeira vez que Bolsonaro fica atrás numericamente, apesar de empatado na margem de erro. Também é interessante pontuar com a soma de outras candidaturas, que incluem Huck, Doria, Amoêdo, que somam mais ou menos 32%. Ou seja, dentro da margem de erro, a somatória dessas candidaturas está praticamente empatada com Lula e Bolsonaro. Se houver uma convergência em torno de um nome, a terceira via se torna uma possibilidade real”, diz Maurício Moura.
“Em relação à mudança de posição entre Lula e Bolsonaro, podemos fazer uma relação com a fatura que chega para o governo, que atravessa o pior momento. Os motivos dessa avaliação ruim novamente são reflexos dos altos números de mortes e de casos de Covid-19. Também tem a questão da economia que ainda patina, apesar de já ser percebida uma melhora na avaliação em algumas regiões em razão do auxílio emergencial como no Norte do país”, diz Moura.
EM QUEM VOCÊ NÃO VOTARIA DE JEITO NENHUM
Neste quesito, Lula e Bolsonaro empatam, com 40%. Doria, Ciro, Huck e Moro também ficam tecnicamente empatados, respectivamente, com 29%, 28%, 25% e 25%.
Pela pesquisa, num eventual cenário de 2º turno, Lula bateria Bolsonaro, respectivamente, com 40% a 38%. Se fosse no 1º turno, seria empate técnico. Esse aperto se dá porque ambos são os mais rejeitados, então o eleitor vota num para rejeitar o outro. 17% não sabem e 5% anulariam o voto.
Apenas Lula, segundo a pesquisa, venceria Bolsonaro no 2º turno. Nos cenários entre Bolsonaro e Ciro, o resultado seria, respectivamente, 44% a 34%. Com Doria (46% a 29%). Contra Huck (40% a 38%). Contra Eduardo Leite (45% a 22%). Contra Moro (45% a 31%). Contra Mandetta (42% a 23%).
Outros cenários: Lula contra Ciro, respectivamente, 42% a 36%. Moro contra Mandetta, 36% a 26%. Bolsonaro e Tasso Jereissati, 42% a 22%.
AVALIAÇÃO DOS DEMAIS POSSÍVEIS CANDIDATOS
A pesquisa também avaliou os demais candidatos. Mandetta tem 20% de avaliação positiva, mas 30% não votariam nele de jeito nenhum. Huck é avaliado positivamente por 18%, mas 33% o rejeitam; Lula tem 17% de positivo, mas 35% não votariam nele de jeito nenhum. Ciro, respectivamente, 16% e 24%.
“NEM NEM”
Quando perguntados, segundo a pesquisa, “Eu gostaria que o(a) próximo(a) presidente não fosse nem o Lula nem o Bolsonaro”, 41% concordaram e apenas 10% discordaram. Os indiferentes eram 49%. Na pesquisa anterior (12 de março) eram, respectivamente, 38%, 33% e 29%.
Para 29% dos brasileiros, Bolsonaro vencerá as eleições de 2022; 18% acham que Lula sairá vencedor; 7% veem Ciro vitorioso.
A pesquisa foi feita com exatos 1.259 entrevistados, entre brasileiros de ambos os sexos, de 16 a 50 anos ou mais, de todas as cinco regiões do Brasil, entre os dias 19 e 22 de abril. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.