A falta de oxigênio medicinal coloca em risco pacientes de diversos estados brasileiros. Informe do Ministério da Saúde à Procuradoria-Geral da República, aponta que em ao menos seis estados a situação é crítica para falta de oxigênio hospitalar: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte.
O relato do Ministério da Saúde diz ainda que estão em uma situação não tão grave, mas em estágio de atenção, os seguintes estados: Pará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Nas últimas semanas, o Brasil tem vivido a fase mais grave da pandemia. O número de novos infectados e de mortos vem batendo recordes negativos diariamente e o país se aproxima dos 300 mil óbitos.
Ridauto Lúcio Fernandes, assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, admitiu que o país está com risco iminente de desabastecimento em municípios do interior e de alguns Estados. “A expectativa da falta perigosa desses produtos na ponta da linha, nos pequenos hospitais, é de poucos dias”, declarou.
O sistema de saúde dos estados está cada vez mais sobrecarregado e a ameaça de falta de oxigênio hospitalar, como ocorreu em janeiro em Manaus, preocupa autoridades e pacientes.
De acordo com a PGR, uma medida discutida na Saúde é aumentar a produção de cilindros e instalar concentradores de oxigênio em diversos locais, que funcionarão de forma parecida com miniusinas.
No encontro, representantes da White Martins, que monopoliza o fornecimento do gás hospitalar, afirmou que, em alguns estados, a demanda chegou a subir 300% nos últimos dias.
DESABASTECIMENTO
Levantamento preliminar feito pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) apontou que ao menos 81 municípios têm previsão de desabastecimento de oxigênio nos próximos dias. Especialistas já vinham alertando que esse quadro de escassez poderia ocorrer.
Enquanto há municípios que já vivem uma situação de falta do insumo, outros preveem desabastecimento em prazos de até duas semanas. Todos relatam dificuldades na compra de oxigênio, por falta do produto ou pelo forte aumento de preços.
Relato da secretária municipal de Saúde de Rio Branco, por exemplo, informa que desde o fim de fevereiro tem tentado adquirir novas cargas de oxigênio, mas a empresa que opera na capital do Acre não tem insumo para entrega e em outros fornecedores o valor cobrado tem sido muito alto.
Muitos municípios têm recorrido a vizinhos ou às capitais para atender a demanda local. É o caso de Barra e de Entre Rios, ambos na Bahia.
O primeiro relatou que enfrenta dificuldades no abastecimento e pediu ajuda ao município de Feira de Santana e Salvador para conseguir o insumo. No segundo, a grande demanda de pacientes internados com Covid-19 fez com que a prefeitura pedisse ajuda aos municípios vizinhos e ao governo do Estado.
É a mesma situação relatada por várias cidades do interior do Ceará. Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo são outros Estados que têm municípios com previsão de falta de insumos nos próximos dias ou semanas.
Na semana passada, a FNP enviou ofício ao presidente Jair Bolsonaro, pedindo “providências imediatas” para solucionar a falta de oxigênio e de medicamentos em hospitais públicos dedicados ao enfrentamento da Covid-19.
Para a entidade, que representa os municípios com mais de 80 mil habitantes, a União deve reforçar a aquisição de medicamentos e determinar o redirecionamento da produção de oxigênio da indústria para os hospitais.
O governo do Mato Grosso emitiu nota na segunda-feira, 22, em que diz ter sido informado por duas empresas do setor sobre haver risco de desabastecimento em cerca de 50 municípios. Já o Paraná divulgou estimativa de necessitar de 1.000 cilindros para atender à demanda de prefeituras.
Também na segunda, a Secretaria da Saúde do Paraná reforçou que os hospitais, prontos-socorros e outras unidades de saúde de municípios do Estado precisam de cerca de mil cilindros de oxigênio. O governo recebeu 200 unidades cedidas pelo Amazonas.
“A necessidade de aproximadamente mil cilindros é sobre a demanda em torno do cenário que o Paraná enfrenta”, apontou a secretaria em nota. “A vinda dos 200 cilindros do Amazonas é para atender pontualmente municípios que tiveram dificuldade com logística de abastecimento. Não há desabastecimento nas unidades próprias em toda a rede do Estado.”