Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo (Fetiasp) e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Estado de São Paulo se reuniram com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, no último dia 13, para debater o setor sucroalcooleiro.
O objetivo da reunião foi levar ao governo as preocupações dos sindicalistas com as ameaças de demissões no setor, em âmbito nacional, que vive profundas transformações no processo produtivo e concentração econômica.
“O emprego nas Usinas de Cana de Açúcar e Etanol vive importante reconfiguração, tanto por conta do avanço tecnológico como desta concentração. O governo precisa estar presente ao debate, até pelo caráter estratégico do setor”, afirmou o vice-presidente da CNTA, Artur Bueno Júnior.
No encontro em Brasília, os sindicalistas entregaram a Alckmin um documento com propostas dos trabalhadores da indústria sucroalcooleira, e números que revelam a importância econômica e estratégica do setor em que o Brasil é líder mundial.
O documento cita as 429 usinas do país, com 607 milhões de toneladas processadas na última safra de cana-de-açúcar, que representam 480 mil empregos, e também os números que alertam os representantes dos trabalhadores, como a rotatividade do emprego no setor – todos os anos quase metade do trabalhador formal é desligado e recontratado – , além das péssimas condições a que são submetidos.
“Há mais números conflitantes. No ano passado, foram resgatados 362 trabalhadores em condições análogas à escravidão no cultivo de cana-de-açúcar brasileiro, problema que também se verificou na área industrial das usinas”, afirmou Artur Bueno, que também preside o Stial (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Limeira e Região).
O sindicalista denunciou, ainda, que grandes grupos estão adquirindo usinas de caráter familiar e dificultando as negociações salariais. “Sempre foi um setor poderoso e está cada vez mais. O movimento sindical luta com garra para garantir a dignidade salarial dos trabalhadores, mas o Estado brasileiro tem responsabilidade”, disse.
Os sindicalistas ainda trataram de assuntos como a indústria de carros elétricos, e a importância de preservar a produção do Etanol – pouco poluente – no estímulo aos carros híbridos.