O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro denuncia o governo Bolsonaro por promover carestia e encarecer desmedidamente a vida dos brasileiros e aponta o desmonte da indústria fluminense como uma das causas para a grave crise de segurança, emprego vivida no Rio.
“Se tem aí o botijão de gás custando 10% do salário mínimo, nós nunca imaginamos viver uma situação dessa. Isso mostra o tamanho da crise que a gente tem hoje. Uma inflação alta, não há perspectiva de superação em curto prazo, você tem o desemprego estrutural, você tem a volta do Brasil no mapa da fome. Então você tem uma situação da nação de uma crise, e de uma que você não tem como separar o Rio, que mostra índices mais graves que os índices nacionais”, disse Marcelo Freixo em entrevista ao portal Brasil 247.
O deputado denunciou ainda que de 2015 a 2020, o Rio perdeu aproximadamente 700 mil postos de trabalho. “O desemprego no Brasil você está ali na faixa de 14%, no Rio está 18%”.
“Em 2000, a indústria no Rio representava 18% do PIB. Hoje representa 6%. Então o Rio foi desmontado. A crise política que é muito visível, cinco governadores presos, uma crise muito profunda que se desdobra numa crise social, numa crise econômica muito materializada na vida das pessoas”, apontou o pré-candidato.
Freixo ainda destacou que a desigualdade é muito evidente no Estado, pois “ela é muito mais visível no Rio porque essa desigualdade ela não é periférica ela está no coração de todas as grandes cidades do Rio de Janeiro (…) os índices do Rio são muito alarmantes”
Para ele, a situação na segurança pública é “diferenciada” no Rio. “Você tem uma disputa entre o tráfico feito com armas que você dificilmente se encontra em outras grandes cidades ou estados do Brasil. E você tem a presença da milícia que é uma máfia, que é um grupo criminoso, organizado que transforma domínio territorial em domínio eleitoral. Tem braço político e projeto de poder”, apontou pré candidato.
Para exemplificar onde o problema do botijão de gás se amarra com a crise política e de segurança, Freixo afirmou: “Eu comecei aqui falando do botijão de gás, 80% do botijão de gás vendido no Rio de Janeiro é vendido ou pelo tráfico ou pela milícia”.
“A crise econômica que é mais aguda no Rio do que em todo o Brasil e no Brasil já é muito sério, já é muito grave. Você tem ainda a questão da segurança pública que se mistura com o debate econômico do desemprego, da falta de renda, da falta de perspectiva e da desigualdade”, analisou o deputado.
DERROTAR O FASCISMO
Freixo também defendeu a consolidação de uma ampla frente para derrotar o fascismo bolsonarista no Rio e no Brasil.
“Sem dúvida alguma, pra reerguer o Rio, pra virar essa história pra fazer com que o Rio possa ter investimento, gerar desenvolvimento, enfrentar a desigualdade, você precisa de uma ampla aliança, um amplo diálogo, uma ampla unidade capaz de colocar Rio no lugar em que ele tem que estar e ajudar o Brasil também se desenvolver. Conversei muito isso com o presidente Lula, não é possível o Brasil ser outro sem o Rio de Janeiro virar essa página também”.
“Sem dúvida alguma, quando eu falo que nós vamos ter que chamar todo mundo, é porque a disputa hoje não é uma disputa entre a direita e a esquerda (..) A disputa hoje é contra o fascismo. A disputa hoje é pela valia da Constituição de 88. A vitória de Bolsonaro no Brasil ou a vitória de Bolsonaro nos estados significa a Constituição de 88 ameaçada. Significa a relação entre as instituições ameaçadas. Significa a democracia que custou muito caro a nossa história ameaçada. A disputa é entre civilização e barbárie”, avaliou o deputado
Freixo diz que é no Rio que o bolsonarismo e as milícias nasceram, misturando “crime e política”. “Então e não à toa o Rio tem esse cenário, né? De cinco governadores presos, é uma máfia que se sucede, que está espalhado nas instituições a gente precisa enfrentar. Nós vamos não nós não vamos virar essa página sozinhos. Então a gente precisa reunir o que há de melhor na sociedade com diálogo. É claro que com um projeto, com um programa capaz de trazer investimento, capaz de trazer emprego, capaz de trazer renda e capaz de trazer credibilidade”.
Para Freixo, a crise no Rio de Janeiro é “uma crise de qualidade de gasto e é uma crise de credibilidade. Então pra trazer receita, investimento e emprego a gente tem que ter uma credibilidade calcada no diálogo e na unidade”.
“O governo Cláudio Castro é a expressão do bolsonarismo no Rio de Janeiro. O Cláudio Castro é o candidato não só do mesmo partido do Bolsonaro, que é bom lembrar, né? Cláudio Castro está no PL, ele é do partido do Bolsonaro. Cláudio Castro é o candidato do Bolsonaro. O Cláudio Castro é um candidato que reza na cartilha ditada pelo Flávio Bolsonaro, o senador das rachadinhas. E são eles que ditam a regra e o Cláudio Castro completamente dominado pela lógica bolsonarista. Não tenha dúvida que no Rio de Janeiro nós temos que ter lado.
ELEIÇÃO POLARIZADA
Para Freixo, o pleito para governador no Rio será “uma das eleições mais polarizadas do Brasil”.
O pré-candidato ainda reforçou a importância de alianças em torno de sua candidatura. “Nós temos seis partidos de esquerda com capacidade de dialogar, com capacidade de dialogar com empresários, com policiais e com evangélicos o que é uma novidade em relação a história recente do Rio de Janeiro. Rio nem na época do Brizola teve uma unidade da esquerda, então a gente tem hoje essa unidade ampla da esquerda com capacidade de diálogo para além da esquerda e isso é muito importante criar condições de governança do governo Lula quando ganhar”.
Além dos seis partidos, Freixo disse que “tem conversado muito com o PDT que tem uma candidatura que eu respeito, mas que seria muito importante que também estivesse junto. A gente tem conversado com os setores do centro. Então é uma aliança muito sólida. Uma aliança que é importante pra todos nós. E é uma aliança para a vitória do Lula”.
O deputado ainda avaliou que “o Bolsonaro você derrota no dia da eleição. O bolsonarismo não. O bolsonarismo vai continuar. Então nós vamos enfraquecer o bolsonarismo se os nossos governos federal e estaduais forem governos bem sucedidos. Se não forem se der alguma coisa e esse bolsonarismo volta com mais força. Então a luta contra essa extrema direita que está no governo Bolsonaro mas está nos seus aliados regionais ela precisa ser feita com muita competência e responsabilidade”.
Questionado sobre retirada do apoio do PT à sua candidatura caso, o PSB mantenha a candidatura de Molon ao Senado, Freixo disse estar “muito tranquilo em relação a isso”. O PT fez uma reunião ampla do seu diretório e por 53 votos a três decidiu o apoio a nossa candidatura ao governo. Então isso está muito consolidado dentro do PT”.
“O Lula nunca foi presidente da República ganhando o Rio em São Paulo. Isso é uma necessidade hoje em dia. Isso mexe a governança do Lula. Então eu não tenho a menor dúvida que nós vamos resolver isso na boa política”, disse o pré-candidato.
INDULTO A CRIMINOSO
O pré-candidato ainda analisou o indulto dado por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo STF por atos antidemocráticos. “O episódio do Daniel Silveira ele é sintomático de tudo que a gente viveu nesses anos. Eu acho que a decisão do Supremo a mais importante dela é decisão da inelegibilidade. Torná-lo inelegível e isso já é pra mim a grande decisão. O indulto é um instrumento juridicamente válido, constitucionalmente válido. Eu acho que não adianta a gente também forçar uma e entrar no jogo e morder uma isca do bolsonarismo”, apontou.
Para ele, “o bolsonarismo quer isolar o STF, trazer o Supremo para um debate político questionar o Supremo, colocar as instituições sob ameaça, questionar o voto impresso. Isso tudo é uma estratégia, nós não podemos morder isca”.