Apoio é necessário diante “das ameaças diuturnas das forças reacionárias sustentadas pelo governo federal e pelo próprio Bolsonaro”, expressa a declaração divulgada na quinta-feira (18)
Com atuação em 20 Estados brasileiros, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, formalizou na quinta-feira (18), apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Palácio do Planalto. Trata-se de relevante apoio, pois nesse segmento Jair Bolsonaro (PL) se sobressai. Com fake news e encenações contra os crentes, a bem da verdade.
O movimento dos chamados evangélicos é apartidário, mas expressa que o apoio é necessário diante “das ameaças diuturnas das forças reacionárias sustentadas pelo governo federal e pelo próprio Bolsonaro”.
A entidade afirma, por meio da declaração, que o Estado de Direito, bem como a democracia, existe “para deter as forças destruidoras do Anti-Messias”. “Se não detivermos essa situação de modo imediato, muito mais vidas serão ceifadas. E todo o futuro, não só do Brasil, mas de todo o planeta, estará ameaçado”, está escrito na declaração da frente.
“A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, enquanto movimento nacional, ainda que respeitando a liberdade individual de seus participantes de fazer outras escolhas no campo democrático no primeiro turno, vem a público declarar, com a anuência majoritária dos seus núcleos estaduais, apoio à candidatura do Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Não somos um movimento partidário, nem estamos vinculados ao PT ou a qualquer outro partido político. Integram a Frente mulheres e homens evangélicos de perfil democrático, cristãos e cristãs que, como Jesus, almejam o bem-estar das pessoas, em especial o das mais desfavorecidas. Somos pessoas comprometidas com o Brasil em sua integridade humana e ambiental, mantendo diversidade absoluta e permanente liberdade crítica frente a qualquer governante, de qualquer espectro ideológico”, diz a carta de apoio.
“Para nós, baseados na interpretação bíblica da Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses, o Estado de Direito é a força civil instituída por Deus para deter as forças destruidoras do Anti-Messias, forças essas responsáveis pela destruição dos seres humanos, por meio da doença (COVID-19), da fome (carestia, inflação, congelamento do salário mínimo e destruição dos direitos trabalhistas) e da violência generalizada (armamentismo e emparelhamento das forças militares e paramilitares) ou seletiva (indígenas, população negra, mulheres e LGBTQI+); e pela destruição da natureza extra-humana, através da queimada das florestas, da atuação depredadora do agronegócio, do desmonte do sistema regulador ambiental e do aquecimento global”.
“Se não detivermos essa situação de modo imediato, muito mais vidas serão ceifadas, e todo o futuro, não só do Brasil, mas de todo o planeta, estará ameaçado. Quanto mais se estender o processo eleitoral, teremos mais ataques à vida de manifestantes democráticos, especialmente os de esquerda. Por isso, entendemos que não nos resta outra opção diante de Deus, nosso Pai, e de Cristo Jesus, nosso Senhor, senão partirmos de imediato, e em primeiro turno, para a derrota do governo Bolsonaro, com o apoio à candidatura do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.”
PESQUISA DATAFOLHA
Divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, em 13 de janeiro de 2020, pesquisa apontou que 50% dos brasileiros são católicos, 31%, evangélicos, e 10% não têm religião. Ainda de acordo com o levantamento, as mulheres representam 58% dos evangélicos e são 51% entre os católicos.
A pesquisa foi feita entre os dias 5 e 6 de dezembro de 2019, com 2.948 entrevistados em 176 municípios de todo o país.
Segundo a pesquisa, a região Norte é onde tem mais evangélicos — 39% — seguido pelo Centro-Oeste, com 33%; depois Sudeste, com 32%; e por último a região Nordeste, com 27%.
PESQUISAS APONTAM CRESCIMENTO DE BOLSONARO
O crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto entre o eleitorado evangélico tem sido apontado por pesquisas. No mais recente estudo Genial/Quaest, divulgado na última quarta-feira (17), o presidente cresceu de 48% para 52% no segmento. Enquanto Lula oscilou para baixo, de 29% para 28%.
No Datafolha do final de julho, esse dado já aparecia com força: a diferença a favor do atual mandatário passou de 5 para 10 pontos percentuais em um mês. O Datafolha divulgou nova pesquisa nesta quinta-feira (18).
Segundo a pesquisa, o presidente aparece 17 pontos à frente de Lula nesse segmento, 7 a mais do que em julho, mas ainda está bem abaixo do desempenho obtido em 2018.
Bolsonaro tem 49% das intenções de voto nesse segmento, contra 32% de Lula. A distância entre os dois principais candidatos à Presidência entre os evangélicos vem se ampliando mês a mês. Em maio, a dianteira do presidente era de 3 pontos, em junho, de 5 pontos, e em julho, de 10 pontos.
PONDERAÇÃO
É importante observar, no entanto, que o segmento evangélico, por si só, não dará a vitória a Bolsonaro. Isso porque ele teria de crescer entre as mulheres, os mais pobres, os jovens, os nordestinos e outros grupos — inclusive os católicos.
Portanto, crescer só entre evangélicos não basta para Bolsonaro.
Mesmo assim, nessa frente é preciso que o combate eleitoral seja mais eficaz, porque o crescimento entre os protestantes se espraia para as mulheres desse grupo, assim como para os mais pobres, etc.
CASO DAMARES
“O crescimento de Bolsonaro nas igrejas é real e tem preocupado os setores progressistas”, diz a coordenadora nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Nilza Valéria. Ela destaca ações da ex-ministra Damares Alves e de um pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus em Botucatu (SP), Rúben Oliveira Lima, que afirmou durante culto que os crentes que declaram voto em Lula não merecem a Santa Ceia. “Sistema que prega que vai ajudar aos pobres, mas no casamento dele não teve um pobre”, disse o pastor.
Valéria diferencia duas personagens dos cultos evangélicos. Uma coisa são os líderes midiático-políticos poderosos, que disseminam falsas informações, fake news e mentiras que se espalham nas redes. Esse trabalho é consciente e deliberadamente insidioso. Damares, por exemplo, não surgiu do nada antes de ser ministra. Desde 2015 ela era assessora parlamentar do ex-senador Magno Malta, então liderança importante da bancada evangélica no Congresso.
É a partir de pastores “de cima”, como Damares, que as informações falsas chegam aos cultos. Os pequenos pastores de comunidades, por exemplo, muitas vezes acreditam nas informações mentirosas que repassam aos fiéis, que chegam a eles pela pregação dos poderosos e influentes.
M. V.
bolsonaro lançou sua semente do mal nas searas evangélica, militar e naquelas onde os Valores Humanos são desprezados e a inversão de valores e tornou regra.