
A Avibras, tradicional empresa de engenharia aeroespacial brasileira, entrou em processo de recuperação judicial na última semana, levando à demissão de 420 funcionários. O processo foi ajuizado no fórum de Jacareí (SP), onde fica a sede do grupo. O valor da recuperação é estimado em R$570 milhões.
Essa é a terceira vez que a empresa renegocia suas dívidas judicialmente, sendo as anteriores em 1990 e 2008. As dispensas dos trabalhadores de diversas áreas ocorreram nas fábricas de Jacareí e de Lorena, em São Paulo. Após as demissões, os trabalhadores da empresa decidiram em assembleia, na segunda-feira (21), por uma paralisação de 24 horas para tentar reverter as demissões.
Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, afirmou que os trabalhadores defendem não só a readmissão dos trabalhadores como também a estatização da empresa pelo seu papel estratégico. O movimento reivindica, também, pela estabilidade no emprego para todos os trabalhadores.
Os trabalhadores paralisaram na última terça-feira (22) e realizaram uma passeata da sede do Sindicato dos Metalúrgicos até a Prefeitura de São José dos Campos. Dirigentes sindicais e uma comissão de trabalhadores entraram no Paço Municipal para tentar falar com o prefeito Felício Ramuth (PSD), mas não foram recebidos.
O sindicato argumenta em comunicado que “embora a Avibras fique em Jacareí, é de importância nacional e grande parte de seus trabalhadores mora em São José dos Campos.”
Ainda segundo o sindicato, a empresa alegou possuir dívidas de mais de R$395 milhões e que seu modelo de negócios foi prejudicado pela pandemia. O sindicato afirma, ainda, que a empresa diz não saber como nem quando pagará as verbas rescisórias dos 420 demitidos.
A Avibras é uma tradicional empresa de engenharia no Vale do Ribeira que desenvolve tecnologias para a construção de aeronaves, veículos espaciais e armamentos militares.
A entidade enviou um pedido de reunião com os governos federal, estadual e municipal para tratar do pedido de estatização. Na esfera federal, o pedido de reunião foi enviado ao ministro da Defesa, Braga Netto, e a Bolsonaro.