Os garimpeiros que invadiram o território indígena Xipaya, no interior do Pará foram liberados pelos policiais federais dentro da reserva extrativista e um barco foi entregue a eles, segundo denunciaram as lideranças indígenas na tarde de domingo (17).
Sete pessoas, dentre eles dois adolescentes, foram presas pela PF após as denúncias da invasão dos criminosos por lideranças indígenas.
Entretanto, segundo a cacique Juma Xipaya, os cinco garimpeiros foram liberados “com a alegação de que não teria transporte para retirar eles e levar para Altamira para efetuar a prisão, então eles foram liberados. Foi entregue uma embarcação, que tinha sido apreendida, para eles saírem e passando por dentro do território indígena. Fica a indignação.
A Polícia Federal informou que os garimpeiros não chegaram a ser presos porque a região do conflito é de difícil acesso e que não foi possível estar no local a tempo de efetuar a prisão em flagrante do grupo.
A PF também informou que os garimpeiros foram escoltados para fora da terra indígena e liberados com o compromisso de se apresentarem às autoridades em Altamira. Todos foram indiciados por crime ambiental e usurpação de bem da União e vão responder em liberdade, ainda segundo a Polícia Federal.
DRAGA APREENDIDA
Os pedidos de socorro da cacique Juma Xipaya ganharam ampla repercussão nas redes sociais, fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apreenderam neste sábado (16), durante a “Operação Tríade”, uma balsa de garimpeiros que invadiram a aldeia Karimãa, na Terra Indígena Xipaya, no sudoeste do Pará, na noite de quinta-feira (14). Ao contrário do que costuma ocorrer nesse tipo de intervenção, a embarcação de grande porte não foi destruída e servirá de base de apoio para o trabalho do órgão ambiental responsável pela gestão das unidades de conservação federais.
A embarcação de grande porte, equipada com dragas para a mineração ilegal de ouro, foi interceptada pelos fiscais do ICMBio na boca do Riozinho do Anfrísio, entre as comunidades Praia do Anfrísio e Morro Verde, na Terra do Meio. Essa região paraense que concentra dez áreas protegidas, incluindo unidades de conservação estaduais e federais, além de Terras Indígenas, tem sido marcada por forte pressão de atividades ilegais como grilagem, desmatamento e garimpo.
Na tentativa de invasão da TI, o pai da cacique, Francisco Kuruaya, sofreu agressões físicas dos garimpeiros, com quem tentou dialogar, pedindo para que abandonassem aquele território indígena, localizado a cerca de 400 quilômetros da cidade de Altamira. Moram, na Terra Indígena, aproximadamente 200 pessoas. Em entrevista à Agência Amazônia Real, Juma declarou temer o retorno dos invasores, que fugiram depois de seu pai conseguir escapar e mobilizar indígenas de outras aldeias via WhatsApp.
Ainda segundo a Agência, mesmo durante o feriado, Juma acionou a Polícia Federal, o Ministério Público e a Funai, pedindo providências sobre a invasão.
O ambientalista Marcelo Salazar, coordenador executivo de Saúde na Amazônia da organização Health in Harmony, informou que “a situação na região é bastante crítica”, já que têm garimpos em funcionamento no Riozinho do Anfrísio, nos Rios Iriri e Curuá. “Que essa apreensão sirva de exemplo para as populações da região de que não compensa entrar na ilegalidade”. Segundo argumenta, algumas pessoas estão com a ilusão de que esse tipo de atividade ilegal pode ser uma saída. “Mas não é. Está aí o resultado”, afirma.
Para ele, mais do que nunca é necessária essa intervenção firme das forças de segurança como ICMBio, Ibama, Polícia Federal, Força Nacional para coibir esses e outros ilícitos. “Que essa apreensão seja a primeira de muitas nessa região, para que essas florestas sejam protegidas e a segurança das populações tradicionais seja mantida”, opina.