A declaração do general Paulo Chagas foi feita a amigos e publicada em suas redes sociais no último fim de semana
O general da reserva do Exército Paulo Chagas, aliado de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, afirmou, em carta a amigos, divulgada em suas redes sociais no último fim de semana, que “o passado e as atitudes intempestivas, equivocadas e imaturas do presidente e da sua família fizeram com que a equipe de governo perdesse conteúdo e força política”.
A declaração do general se dá num momento em que Jair Bolsonaro acaba de provocar uma grave crise institucional ao tentar, sem sucesso, arrastar o país para um conflito de grandes proporções. No dia 7 de Setembro o chefe do Executivo afirmou, em atos golpistas, realizados na Esplanada e na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, que não acataria mais decisões tomadas pelo ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. Chamou também de canalhas os ministros da Corte que garantem a lisura das eleições com o uso das urnas eletrônicas.
Nas vésperas das comemorações da Independência do Brasil, Bolsonaro vinha se deslocando pelo país em ‘motociatas’ e outras aglomerações para insuflar os seus apoiadores a usarem a data para bloquear a Esplanada e as estradas brasileiras com caminhões e a invadirem o Supremo Tribunal Federal. A fraca adesão às suas pretensões golpistas diante da resposta firme da sociedade, dos parlamentares, dos governadores, da imprensa, além do discurso contundente do presidente do STF, Luiz Fux, no dia seguinte às suas provocações, obrigaram Bolsonaro a recuar de seus planos fascistas.
O general Paulo Chagas afirma na mensagem que, “embora nunca seja tarde para rever posturas, aprender a controlar atitudes e ouvir as pessoas certas, não resta a Bolsonaro e a seu governo mais do que as alianças e concessões que já vêm fazendo para chegar ao final do mandato, preservar o pouco que pôde ser feito e, pelo menos, assegurar o direito de participar das próximas eleições presidenciais”. “Lamentavelmente”, prossegue o general, “‘ainda há quem, de forma comovente, continue a enxergar e a apresentar o Presidente como um incompreendido gênio da estratégia política, tentando, assim, ocultar uma realidade que, nua e crua, brilha aos olhos do mundo”.