ELIAS JABBOUR*
Soros tem dado a linha sobre os rumos da política externa do imperialismo e do pensamento “progressista” há tempos. Isso não é segredo para ninguém e pessoas incansáveis como a professora @natacharena tem trabalhado duro para desfiar o novelo da imensa influência que as organizações financiadas por George Soros têm exercido sobre os “críticos” de esquerda. Até aí nenhuma novidade. Porém, recentemente intelectuais de esquerda no ocidente tem, com suas devidas agendas de pesquisa, tentado desvendar a face do “imperialismo chinês” na África e América Latina com o discurso do extrativismo e da “destruição do modo de vida camponês’. Hipócritas de classe média. Grande parte dessas pesquisas financiadas por organismos ligados ao imperialismo e alguns deles pelas organizações de Soros.
Surge com força, então, um discurso politicamente correto do “nem Washington, nem Pequim” para demonstrar que o lado certo é o lado dos “trabalhadores” e que tudo isso se trata de uma luta entre monopólios imperialistas pelo controle do mundo. Mentira. A China está sendo cercada militarmente pelo imperialismo e as leis da política (construídas historicamente) nos ensinam é como um rio, não existem três leitos. Ainda mais quando os bonitinhos que bradam o “nem Washington, nem Pequim” são brutalmente críticos à experiência chinesa, estão contra Putin no caso da Ucrânia e calam-se diante de guerras coloniais que levaram à destruição de países como a Líbia, o Iraque e a Síria. Afinal China e EUA são a mesma coisa, né. Um balanço de poder militar, atômico, ideológico bem equivalentes, né?
George Soros vem elevando o tom contra a China e o líder chinês Xi Jinping (coincidentemente meus amigos da esquerda acadêmica odeiam Xi Jinping). Nos últimos dias veio uma cartada final, uma verdadeira enquadrada: os Jogos Olímpicos de Inverno equiparam a China com a Alemanha nazista e o uso dos Jogos de Munique em 1936 como arma de propaganda. Até agora vocês conhecem algum intelectual de esquerda no ocidente que se levantou contra esse absurdo escrito por um bandido internacional contra a China? Não. Nem eu.
A verdade é que esse documento é mais do que um texto é uma linha política declarada. Estou convencido que parte do silêncio de intelectuais de esquerda ocidentais em relação a isso é parte do processo da migalha da bolsa de pesquisa. Outros são jovens de classe média que chegaram em Marx a partir de um senso de luta por “igualdade”, mas que suas formações intelectuais prejudicadas por suas origens de classe os impedem de trabalhar em termos de razão, totalidade e movimento, daí caem ou na utopia ou no moralismo.
Está chegando a hora da verdade para a esquerda acadêmica ocidental. A máscara está caindo. O patrão de vocês está dando a linha. E aí. “nem Washington, nem Pequim”?
*Elias Jabbour é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e em Relações Internacionais da UERJ.