O governo federal deixou milhares de vacinas, medicamentos e testes para diagnóstico de Covid-19 perderem o prazo de validade em 2021. O estoque perdido di Ministério da Saúde conta com 32 itens diferentes e totaliza um desperdício de ao menos R$ 80,4 milhões.
A pasta de Marcelo Queiroga foi alertada duas vezes, nos meses de abril e julho deste ano, sobre o vencimento de sete dos 32 insumos, segundo apontam os registros. Os produtos tinham prazo de validade entre 8 de julho e 31 de agosto e, juntos, custaram R$ 2,6 milhões aos cofres públicos.
Os dados foram publicados em documentos internos da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério e divulgados em reportagem do jornal “Estado de S. Paulo” que teve acesso a informação.
A coordenadora-geral substituta de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde, Katiana Rodrigues Torres, em 22 de setembro, assinou um ofício mostrando que houve “comunicação prévia da proximidade de vencimento desses medicamentos”. Segundo ela, houve “ausência de resposta das áreas responsáveis em tempo hábil” para a distribuição dos produtos às secretarias de saúde.
Katiana enviou o documento ao general Ridauto Lúcio Fernandes, diretor de Logística do Ministério da Saúde e ele solicitou que fosse divulgada uma justificativa para o atraso na distribuição de cada um dos itens.
De acordo com Fernandes, foi realizada, em 13 de setembro, uma reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e secretários da pasta para tratar sobre o assunto. “Foi exposta a situação dos medicamentos que encontram-se armazenados em Guarulhos e que estão com o prazo de validade vencido”, pontuou Fernandes na documentação.
Insumos
Todos esses insumos fazem parte de uma lista de 271 itens que perderam a validade entre 2017 e 2021. Os insumos da planilha somam 1,8 milhão de unidades e custaram R$ 190,8 milhões aos cofres públicos. Quase a totalidade deles, ou 96%, foram perdidos a partir de 2019, durante o governo Jair Bolsonaro. O prejuízo foi de cerca de R$ 190,1 milhões a partir de 2019, ante o prejuízo de R$ 680 mil ocorrido entre 2017 e 2018.
Na lista de itens que se perderam, estão kits para diagnóstico de covid, dengue, zika e chikungunya, vacinas contra gripe, pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) e BCG, soros e diluentes.
Os testes para Covid, dengue, zika e chikungunya são os itens mais caros perdidos pelo Ministério da Saúde. Por estes, a pasta pagou R$ 133 milhões. Deste total, R$ 77 milhões apenas pelos kits para detecção do novo coronavírus.
Na avaliação do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, “perder doses de algo que é plenamente controlável” é consequência da “falta de planejamento do Ministério”. “Longe de ser um episódio, reflete toda a conduta da política pública do governo federal há pelo menos 2 anos”, disse Carlos Lula.
Veja a lista completa:
Vacina Meningocócica com líquida seringa preenchida – 44.250
Vacina BCG Intradérmica 10 doses – 27.055
Kit Amplificação Sars-Cov2 – 100 reações – 18.257
Vacina contra a gripe 10 doses – 16.432
Imunoglobulina anti-tetânica 250UI/ML Sol INJ 1ML: 6.308
Vacina contra a Febre Amarela 10 doses: 6.272
Vacina dupla adulto (10 doses): 3.972
Vacina papiloma vírus humano (Tipo 6, 11, 16 E 18 Recombinante) – 1 dose: 2.401
Vacina meningocócica C Conjugada – Frasco: 2.178
Diluente para vacina Tríplice Viral (MMR) 1 DOSE: 2.055
Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) – 48 reações – Acessórios: 1.496
Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) – 48 reações – Amplificação: 1.496
Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) – 48 reações – Controle: 1.496
Vacina contra Hepatite A (Rotina Pediátrica) 1 dose: 1.440
Imunoglobulina anti-varicela Zoster – 1 dose: 1.334