Um grupo armado atacou estudantes em um bar próximo às moradias da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nesta sexta-feira (6). O proprietário do bar e um funcionário africano foram agredidos.
De acordo com os relatos, homens brancos e carecas, com vestimentas contendo símbolo nazista, desceram de um carro e se dirigiram ao funcionário do bar de origem africana e iniciaram uma discussão. O dono do bar se aproximou para apartar, mas acabou agredido com um soco no rosto e um dos homens sacou uma arma.
Em nota, o Bar do Ademir denunciou “ato racista e covarde por parte dos agressores”. “Repudiamos qualquer tipo de racismo e preconceito e estamos tomando as devidas providências”, diz o texto.
“Quando vi a arma, fiquei desesperado, até paralisei. O bar tem mais de 20 anos e nunca tinha passado por uma situação dessa. Para mim, foi racismo. Não tem por quê, eles nem estavam no bar consumindo nada”, disse o dono do bar que irá formalizar denúncia à polícia.
Os estudantes presentes afirmam que os membros do grupo ameaçaram as pessoas negras presentes no estabelecimento, fizeram disparos para o alto e faziam gestos imitando macacos. Uma universitária disse ter visto símbolo nazista, uma suástica, na roupa de um dos agressores.
“O rapaz, após os disparos, apontou a arma para mim e ameaçou atirar […] Além disso, proferiram ofensas racistas e homofóbicas para as pessoas do local. Na hora eu só pensei em me proteger”, contou o Dj Eugênio Rodrigues que tocava na hora do ataque. O DJ também é negro.
Segundo informações do G1, um casal de estudantes que presenciou a cena afirmou que o bar é frequentado majoritariamente por estudantes da Universidade. “São adolescentes, jovens, e eles [os agressores] eram pessoas mais velhas. Sensação de medo e impotência. Não tem muito o que fazer, só correr”, disse o aluno de doutorado na área de educação.
“Me recordo do símbolo nazista que tinha na roupa de ao menos um deles, uma suástica”, contou a estudante de engenharia de telecomunicações. Por medo de represálias, os estudantes não quiseram ser identificados.
O caso foi divulgado nas redes sociais e gerou indignação e revolta.
O vereador de Campinas, Gustavo Petta (PCdoB), afirmou pelas redes sociais que “os relatos de um ataque nazista em um bar em frente a moradia estudantil da Unicamp são inaceitáveis. Esses criminosos estão se sentindo autorizados a cometes esses crimes e não aceitaremos isso. Vamos cobrar investigação e punição”, disse o parlamentar.
A vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL) repercutiu o fato nas suas redes sociais. “O grupo chegou armado, fazendo agressões racistas, com violência física e dando tiros para o alto. Vamos acionar as autoridades e cobrar que essa ação repugnante seja punida”, escreveu.
Estudantes e ex-estudantes também rechaçaram o ataque através das redes sociais. A Polícia Civil informou que vai investigar o caso.