Militar da equipe que analisa código-fonte das urnas é bolsonarista radical com postagens contra o TSE em suas redes sociais. Algumas dessas postagens foram classificadas como mentirosas pela plataforma
Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o sistema eleitoral do país, nesta quinta-feira (4/8). Durante reunião com pastores, ele disse que tem buscado impor, por meio das Forças Armadas, eleições transparentes. Os ataques de Bolsonaro não ficaram só nas urnas ou ao sistema, ele agrediu novamente os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Três do TSE acreditam piamente nas pesquisas do Datafolha. Não quero alongar muito sobre isso. Estou fazendo minha parte no tocante a isso, buscando impor, via Forças Armadas, que foram convidadas, a nós termos eleições transparentes”, afirmou. “Porque, se houver algo de errado, não é só para mim. Vai ser para deputado, senador, governador”, completou.
Na terça-feira (2/8), o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, pediu, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibilize o código-fonte das urnas eletrônicas. O ofício solicitou o acesso “urgentíssimo”. Segundo o texto, o pedido faz parte de demandas do ministério para fiscalização e auditorias nas urnas. O pedido desmoralizou o ministro afinal, o código-fonte das urnas já estava disponível desde outubro de 2021.
Nesta sexta-feira (5) o jornalista Rodrigo Rangel, colunista do Metrópole, informou que um dos militares designados para analisar o código-fonte das urnas eletrônicas é um oficial bolsonarista radical que posta em suas rede sociais ataques às urnas semelhantes aos que Bolsonaro faz. O coronel do Exército Ricardo Sant’ana integra a equipe de nove oficiais. A inspeção realizada pelos militares no código-fonte das urnas deve prosseguir até o próximo dia 12.
Alguns posts compartilhados pelo militar com seus seguidores no Facebook envolvem, inclusive, questionamentos à integridade do próprio sistema de votação adotado pelo TSE. Uma publicação de Sant’ana chegou a ser marcada pela rede social como “informação falsa”. Ricardo Sant’ana é quem assina um ofício enviado ao TSE no final de junho no qual o Exército pede uma série de arquivos relacionados às eleições de 2018 e 2014.
Um vídeo compartilhado pelo coronel Sant’ana compara o exercício do voto à compra de um bilhete de loteria. A legenda da publicação diz: “Pra quem não entendeu ainda a briga contra esse sistema que nenhum país desenvolvido adotou, SÓ NÓS, então, se ainda confia no sistema, é achar que está tudo certo, então aceite a aposta na lotérica do jeito que está nessa sátira… pra despertar o ÓBVIO!!!!”.
O coronel Ricardo Sant’ana também publicou posts colocando em dúvida os resultados das pesquisas eleitorais e fazendo campanha escancarada contra adversários de Bolsonaro. “Votar no PT é exercer o direito de ser idiota”, dizia um dos cards reproduzidos pelo coronel. Ao comentar um texto no qual a presidenciável Simone Tebet, do MDB, defendia que mulheres devem votar em mulheres, ele escreveu nos comentários: “Vaca vota em vaca”.